Diante da crise entre os poderes, aliados de Jair Bolsonaro tentam convencer o presidente a não entregar pessoalmente no Senado um pedido de abertura de processo contra ministros do Supremo Tribunal federal, como ele prometeu fazer.
Bolsonaro fez questão de comparecer à Operação Formosa, quase uma semana depois de receber o convite com um comboio de tanques. O treinamento militar ocorre em Goiás há mais de 30 anos. Em um momento de tensão principalmente com o judiciário, o presidente esteve ao lado do chefe da Casa Civil disparando tiros de canhão.
Um dos grandes desafios do novo ministro Ciro Nogueira agora é acalmar os ânimos entre os poderes.
Auxiliares do presidente tentam convencê-lo a não encaminhar ao Senado a abertura de processo contra ministros do STF. Como Bolsonaro tem insistido, defendem que ele pelo menos delegue a função em vez de entregar o pedido pessoalmente.
A avaliação no Planalto é a de que seria um gesto ao STF e evitaria mal-estar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Bolsonaro prometeu no fim de semana pedir abertura de processo contra Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes por, segundo ele, “extrapolarem os limites constitucionais”. Para a oposição, a ação não tem chance de prosperar.
Pelas redes sociais, Pacheco afirmou que é recomendável nesse momento de crise, mais do que nunca, a busca de consensos e o respeito às diferenças e que os parlamentares não vão permitir retrocessos aos avanços democráticos.
Nesta segunda-feira (16), 14 dos 27 governadores do país assinaram uma carta, que, sem citar o nome do presidente, reitera apoio ao Supremo em face a constantes ameaças e agressões.
No dia do desfile de blindados em Brasília, Hamilton Mourão não compareceu no Planalto e se reuniu com Barroso. Ele ouviu do ministro que o tribunal não espera moderação por parte de Bolsonaro. O encontro irritou o presidente, que está cada vez mais distante do vice. Mourão desconversou.
"Não, ele não falou nada para mim. Eu o encontrei no sábado, ele não me disse nada. Troquei minha continência respeitosa a ele”, disse.
No supremo, a ministra Cármen Lúcia deu 24 horas para que a Procuradoria-Geral da República se manifeste sobre um pedido de investigação contra Bolsonaro. Ela definiu como “graves” os ataques recentes do presidente ao sistema eletrônico de votação.