'Afasta do mundo real': celulares afetam psicológico de crianças e adolescentes

Pais enfrentam desafio para limitar uso dos aparelhos, que causam aumento de ansiedade entre os menores

Da redação

Frequente na vida das famílias, os celulares cada vez mais estão inseridos na infância e adolescência. O aparelho, que entretém e seduz, também causa dependência e efeitos psicológicos, principalmente nos menores de idade. 

A dependência nos celulares também traz efeitos ao psicológico. Pela primeira vez na história os registros de ansiedade feitos no SUS entre crianças e adolescentes superam os de adultos. Para quem estuda o assunto, boa parte da explicação para o crescimento está no uso cada vez mais precoce dos celulares, principalmente quando eles são conectados às redes sociais. 

A empresária Thaís Giraldelli passa por uma situação que muitos lares brasileiros convivem: as filhas Maitê, de oito, e Sophie, de 15 anos, não vivem sem o celular. As duas ganharam os primeiros celulares com seis anos. 

"Tenho tentado reduzir o tempo de tela delas, dar uma cortada. Sophie não larga o celular e quando damos uma tarefa para ela, a cada cinco minutos ela para olhar o celular e não termina nunca a tarefa", indica. As meninas não desgrudam do aparelho em todo o canto da casa, até na hora de brincar no quintal. 

E caso a mãe tente tirar, Maitê já tem um plano: "A gente pega o celular da minha mãe". Sophie sofre quando a bateria está para acabar e sabe da dependência. "Chegou em um ponto que entendi que não consigo mais controlar e eu tento amenizar, mas sei que a dependência não vai curar tão cedo", avalia.

Quando as crianças estão conectadas às redes sociais, a ansiedade pode aumentar ainda mais. O transtorno é inclusive já uma característica comum para a geração de nativos digitais. "O aumento de 2013 para 2023 em ansiedade de 10 a 14 anos, de 15 a 19 anos foi acima de 1500 por cento 1500%, quer dizer 15 vezes", indica o pediatra Daniel Becker. 

Lara Bianchini, de 16 anos, já reconhece que sofre com ansiedade devido às redes sociais. "Publico um vídeo, ele viraliza, eu fico super feliz e aí eu abro os comentários e tem alguns comentários negativos, isso mexe conosco, mexe psicologicamente, então a internet ela vai muito mais além de uma tela, ela entra aqui e ela entra aqui e se ela entrar de um modo prejudicial", diz. 

Para o pediatra, a geração já preocupa. "Estamos treinando uma geração de crianças para ser distraída e o vício faz com que elas se afastem do mundo real. Estamos vendo crianças se desenvolvendo em uma telinha, esse é um experimento científico sem precedentes e tá dando péssimos nos resultados", indica. 

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