Se sentir bem no desconforto é um dos clichês preferidos de coachs motivacionais, mas a expressão define bem os ‘viciados em adrenalina’. Afinal, quem se sentiria confortável em andar em uma fita no meio de um vulcão? Ou até, ficar 18 minutos sem respirar debaixo d'água?
A adrenalina, sendo a motivação para muitos que fazem esportes radicais ou atividades de risco, é um hormônio disparado pelo cérebro quando entende que estamos em perigo. “A adrenalina é como uma bomba no corpo, que faz com que a gente enxergue melhor, corra melhor e, ao se juntar com a endorfina, vira um prazer ao cérebro, uma sensação de bem-estar”, explica a neurocientista Thais Faria Coelho.
Para o psicólogo Marcos Lacerda, a adrenalina ‘é vida em um certo sentido’. “Há pessoas que precisam da adrenalina para se sentir vivo, para quebrar a monotonia da vida, para se sentirem desafiando os próprios limites”, diz. Quanto mais se experimenta a sensação, mais o corpo quer, quase como uma compulsão.
No caso de Rafael Bridi, a altura é o que traz bem-estar. A especialidade dele é o highline, esporte que consiste em se equilibrar em uma fita a grandes alturas. “Sou viciado nessa sensação, tenho certeza”, brinca.
“São situações que a gente quer colocar para dentro da gente, o esporte tem isso, o convívio social tem esse elemento, a religião. Cabe ao ser humano pensar no que faz bem na nossa vida e transformar em rotina”, avalia Rafael Bridi.
‘O Louco do Céu’
O Sabiá é inspiração para quem gosta de esportes radicais e uma boa dose de adrenalina. Ele, que é recordista latino-americano de mais saltos de paraquedas em um único dia, com 105 voos, ficou conhecido como ‘O Louco do Céu’ pelos feitos. Ele consegue atingir até 300 km/h nos saltos.
“Foi algo natural, com 10 anos eu andava de BMX, skate, bicicross, ali começou a adrenalina. Fiz boxe, capoeira, taekwondo. Até que descobri o paraquedismo com 14 anos", explica Sabiá.
E ele está longe de pensar em se aposentar dos voos. “Eu nunca pensei em envelhecer, aposentar, ter que parar de saltar mesmo hoje em dia né? Sigo no mesmo ritmo fazendo um salto duplo, fazendo base Jump, escalando montanha e o ritmo mais ou menos igual”, conta.
“Buscar por algo que ninguém fez”
Karol Meyer, que já ficou mais de 18 minutos sem respirar debaixo d'água, busca a adrenalina para quebrar recordes. Ela, que escolheu o mergulho, se motiva pela emoção de tentar algo que ninguém tentou. “Existe aquela adrenalina de buscar por algo que ninguém fez”, diz.
Para ela, o mergulho vai além de ficar na água sem respirar por tanto tempo. “A gente não vai contra o relógio, a gente vai contra uma série de outros fatores, por exemplo, contra a pressão, frio, hipóxia, excesso de CO² que dá aquela vontade de respirar”, explica.