Um estudo da bolsa de valores brasileira mostrou que 75% das pessoas decide investir em ações pela primeira vez, seguindo a opinião de influenciadores digitais. Mas nem sempre são opiniões com fundamento econômico, e podem gerar prejuízos milionários para empresas e investidores.
O esquema de bombear e despejar ações é um velho conhecido do mercado financeiro. Mas com a facilidade da divulgação na internet, ganhou proporções multimilionárias.
Influenciadores digitais de finanças escolhem um grupo seleto para indicar a compra de ações de empresas em baixa.
Em seguida, orientam seus milhões de seguidores a investir nessas empresas. Aí gente que não tem nada a ver com o esquema também começa a comprar os papéis. Com a procura subindo, os valores sobem junto. Com as ações em alta, o influenciador indica a venda para o grupo seleto e o lucro vem fácil, como num passe de mágica.
Só que tem um detalhe importante: a valorização da ação indicada não tinha fundamento econômico. E aí quem entrou depois na onda de compra e venda rápida, perde dinheiro.
As empresas também saem prejudicadas. É o caso da Gafisa, incorporadora e construtora com setenta anos de experiência no mercado imobiliário. Duas vezes nos últimos anos, a empresa viu o preço de suas ações disparar e despencar.
A movimentação foi acompanhada de uma sequência de críticas nas redes sociais e pedidos para trocar os gestores. Um investidor minoritário chegou a solicitar uma assembleia para a troca da administração. Quatro dias antes, as ações da Gafisa tinham quintuplicado de valor. A mudança no comando da construtora, não aconteceu. E depois da assembleia, o preço dos papéis despencou 60%.
De olho nesse esquema, a Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, está fazendo uma consulta pública para regulamentar como os influenciadores digitais agem. O objetivo é tentar evitar prejuízos para o mercado e, principalmente, para os investidores.
Um estudo da B3, a bolsa de valores do Brasil, mostrou que 75% das pessoas que fazem seu primeiro investimento são influenciadas por esses supostos especialistas nas redes sociais.
Nos Estados Unidos, um grupo de influenciadores é alvo de uma grande investigação. Eles são acusados de inflar artificialmente o valor de um pacote de ações. O prejuízo pode superar os cem milhões de dólares.
No Brasil, os 500 maiores influenciadores de finanças têm cento e setenta milhões de seguidores. Qualquer movimento de apenas um por cento desse público pode mudar o mercado em questão de horas.
É por isso que a associação brasileira que cuida do mercado de capitais criou uma regra para os influenciadores.