Com a morte de Ecko, maior chefão da milícia, as disputas por território abriram um novo capítulo na guerra do crime no Rio de Janeiro.
Desde a operação da Polícia Civil que culminou com o baleamento e morte do criminoso, em 12 de junho, começou uma série de assassinatos em diferentes pontos, revelando uma disputa pelo controle do grupo na cidade.
Quatro ataques de criminosos já ocorreram no Rio e na baixada. Pelo menos sete pessoas morreram.
Em 26 de junho, um PM foi morto com vários tiros de fuzil em Campo Grande.
Três dias depois, três pessoas morreram e cinco ficaram feridas durante um ataque no Terreirão, no Recreio.
Já no dia 30 do mesmo mês, em uma academia de crossfit, em Nova Iguaçu, duas pessoas foram mortas e duas ficaram feridas. Imagens das câmeras de segurança mostram o momento em que dois homens armados, entram na academia e disparam contra um policial, que tenta fugir. A vítima ainda luta com um dos criminosos, consegue arrancar a arma e dispara contra ele. Um dos bandidos e o PM morreram.
Ainda em Nova Iguaçu, cerca de uma semana depois, um ex-policial foi morto com tiros de fuzil. A polícia civil investiga os casos.
Segundo o último levantamento feito pela delegacia de homicídios da Baixada Fluminense, a milícia ultrapassou o tráfico de drogas e se tornou a principal organização criminosa responsável por homicídios na Baixada Fluminense. No primeiro semestre de 2020, 27% dos homicídios na baixada foram cometidos por milicianos, contra 24% por integrantes do tráfico.
Com a morte de Ecko, quem assumiu a liderança do grupo criminoso foi o irmão dele, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho. Danilo Dias Lima, o Tandera, ficou com parte da região da Baixada. Já Edmilson Gomes, o Macaquinho, herdou bairros onde ficam os quartéis-generais da milícia. Ele seria um dos principais responsáveis pela união da milícia com o tráfico, as narcomilícias. Mas essa aliança se rompeu, e as disputas ficaram mais intensas.
A secretaria da Polícia Civil do Rio de Janeiro criou no fim do ano passado uma força-tarefa para combater o crime organizado, que já prendeu mais de 700 pessoas e apreendeu R$ 1,5 bilhão do crime organizado.