Em reportagem em fevereiro de 2024, o jornalista Túlio Amâncio, do Jornal da Band revelou, com exclusividade, a lista de políticos que foram espionados pela chamada Abin paralela.
Além de adversários políticos, fontes da Polícia Federal apontaram que a espionagem se estendia para aliados políticos do então presidente Jair Bolsonaro, ministros do Supremo Tribunal Federal, parlamentares como o presidente da Câmara, Arthur Lira, e jornalistas.
Na época, segundo apuração do jornalista, os agentes da PF tiveram acesso aos números dos telefones rastreados e não aos nomes dos espionados.
Por isso, o levantamento é demorado: foram mais de 60 mil acessos pelo programa First Mile, que permite a consulta de até 10 mil aparelhos de celular a cada 12 meses.
E nesta quinta-feira (11) as investigações revelaram que membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos do grupo, “incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas”.
Ministros do STF (Judiciário)
- Alexandre de Moraes,
- Dias Toffoli,
- Luis Roberto Barroso;
- Luiz Fux;
Poder Legislativo
- Arthur Lira, presidente da Câmera;
- Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara;
- Kim Kataguiri, deputado federal;
- Joice Hasselmann, deputada federal;
- Alessandro Vieira, senador;
- Omar Aziz, senador;
- Renan Calheiros, senador; e
- Randolfe Rodrigues, senador.
Poder Executivo
- João Dória, ex-governador de São Paulo;
- Hugo Ferreira Netto, servidor do Ibama;
- Roberto Cabral Borges, servidor do Ibama;
- Christiano José Paes Leme Botelho, auditor da Receita Federal;
- Cleber Homen da Silva, auditor da Receita Federal; e
- José Pereira de Barros Neto, auditor da Receita Federal
Jornalistas
- Monica Bergamo;
- Vera Magalhães;
- Luiza Alves Bandeira; e
- Pedro Cesar Batista.
Operação última milha
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (11) a 4ª fase da Operação Última Milha. Os agentes cumprem cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão, nas cidades de Brasília, Curitiba, Juiz de Fora (MG), Salvador e São Paulo.
Os alvos dos mandados de prisão e afastamento de cargo são:
- Mateus de Carvalho Sposito:
- Richards Dyer Pozzer:
- Rogério Beraldo de Almeida;
- Marcelo Araújo Bormevet;
- Giancarlo Gomes Rodrigues
Segundo a Polícia Federal, foram constatados elementos de uma organização criminosa que atuava em núcleos para elaboração de dossiês contra ministros, parlamentares e outras pessoas a fim de divulgar narrativas falsas e incitar, direta ou indiretamente, tentativa de golpe de Estado e enfraquecimento das instituições.
O que é a Abin paralela?
Criada em 1995, a Abin tem como objetivo fornecer ao presidente da República e ministros informações estratégicas para o processo de decisão. Entretanto, a Operação Vigilância Aproximada da PF investiga uma "organização criminosa que se instalou na agência"
O órgão suspeita que a Abin foi usada durante o governo de Bolsonaro para monitorar ilegalmente várias autoridades. As investigações apontam que foram usadas ferramentas de geolocalização de celulares sem autorização judicial.
Segundo fontes da PF, o filho do ex-presidente Carlos Bolsonaro seria o idealizador da "Abin paralela", que teria entrado em vigor quando o órgão era chefiado por Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Diretor-geral do órgão entre julho de 2019 e março de 2022 e atualmente deputado federal, Ramagem foi um dos alvos da fase anterior da operação, que ocorreu em 25 de janeiro.
Carlos teria designado missões ao diretor - como, por exemplo, provar uma suposta ligação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes Alexandre Moraes com o Primeiro Comando da Capital (PCC).