Em 2013, o Brasil foi tomado pelas chamadas “jornadas de junho”, série de manifestações que se iniciou com insatisfações sobre as tarifas de ônibus e depois agregou pautas e grupos difusos, virando a política brasileira de cabeça para baixo.
O cientista político da ESPM, Paulo Ramirez, analisou o a importância do movimento para a história da democracia brasileira.
“De fato, depois de junho de 2013, houve uma mudança radical política no Brasil. Principalmente porque a pauta originalmente começa contra um aumento de 25 centavos no preço do transporte público. Originalmente, era um movimento do passe livre que havia angariado as ruas, tomado as ruas. E de repente outros movimentos mais conservadores, como o MBL acabaram por tomar as ruas. Curiosamente, 3 anos depois, isso levou ao impeachment da Dilma. O fato é que junho de 2013 foi o estopim para o início da derrubada dos governos de esquerda no país”, disse o cientista político.
Manifestações nas ruas
Milhares de pessoas foram as ruas demostrar sua insatisfação com o “establishment” do país. Os atos de junho começaram no dia 2, em São Paulo, por conta de um reajuste de R$ 0,20 para as tarifas do transporte público— na época, a tarifa custava R$ 3. No dia 3 ocorreram as primeiras manifestações, ainda de pequeno porte.
Outras manifestações aconteceram nos dias seguintes, mas a maior delas pelo Brasil todo, aconteceu no dia 20 de junho quando mais de 1 milhão de pessoas nas ruas de mais de 100 cidades brasileiras.
A presidente Dilma Rousseff, que estava no poder há época, fez um pronunciamento em rede nacional, sinalizando que o poder público atenderia as reinvindicações. De nada adiantou. A popularidade da presidente despencou e ela chegou a ser hostilizada durante uma partida da Copa das Confederações.
Agito político no país
Após as manifestações, o mundo político brasileiro virou de cabeça para baixo. Em 2016, a presidente Dilma Rousseff sofreu um processo de Impeachment. Em seu lugar, Michel Temer assumiu a presidência. Temer foi acusado pelo PT e outros partidos de esquerda de ter conspirado contra a presidente. Ele sempre negou envolvimento.
Já em 2018, o Brasil teve um processo eleitoral atribulado. O ex-presidente Lula anunciou que concorreria novamente, mas acabou impedido de disputar o pleito devido sua condenação pelo juiz Sérgio Moro. Jair Bolsonaro, que ganhou destaque na votação do Impeachment, foi eleito e governou o país.