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Itamaraty lamenta decisão de Israel de declarar chefe da ONU 'persona non grata'

Ministério das Relações Exteriores declarou que decisão ‘prejudica fortemente os esforços da ONU em favor de um cessar-fogo imediato no Oriente Médio’

da redação

Itamaraty lamenta decisão de Israel de declarar chefe da ONU 'persona non grata'
António Guterres, secretário-geral da ONU
REUTERS/Mike Segar

Segundo o Itamaraty, a decisão prejudica os esforços da ONU em favor de um cessar-fogo nos conflitos no Oriente Médio, da libertação imediata dos reféns e do processo que permita a concretização da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina “independente e viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”. 

“O ataque do governo de Israel a uma Organização que foi constituída para salvar a humanidade do flagelo e atrocidades da Segunda Guerra Mundial e para proteger os direitos humanos fundamentais e a dignidade da pessoa humana não contribui para a paz e o bem-estar das populações israelense e palestina e afasta a região de uma solução pacífica”, declarou o Itamaraty em nota. 

“Ao manifestar sua solidariedade ao Secretário-Geral António Guterres, o Brasil reafirma a importância das Nações Unidas, notadamente de sua Assembleia Geral e de seu Conselho de Segurança, nos esforços pelo cessar-fogo e por uma solução de dois Estados”, finalizou. 

Israel declara chefe da ONU como ‘persona non grata’

O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, disse nesta quarta-feira (2), por meio de comunicado, que Tel Aviv declarou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, como “persona non grata”. Com a decisão,ele fica proibido de entrar no país. 

Segundo Katz, “quem é capaz de não ter condenado de forma inequívoca o ataque a mísseis lançado pelo Irã contra cidades de Israel não é digno de pisar em solo do país". 

“Decidi declarar o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, uma personalidade indesejada em Israel e proibir a sua entrada no país. Qualquer pessoa que seja incapaz de condenar inequivocamente o ataque criminoso do Irã a Israel, como quase todos os países do mundo fizeram, não é digno de pisar em solo israelense”, escreveu o chanceler israelense. 

No comunicado, Katz afirmou que António Guterres ainda não denunciou “o massacre e as atrocidades sexuais do Hamas” em 7 de outubro de 2023, “nem liderou quaisquer esforços para declará-los uma organização terrorista”.

“Um secretário-geral que dá apoio a terroristas, estupradores e assassinos do Hamas, Hezbollah, Houthis e agora Irã, será lembrado como uma mancha na história da ONU. Israel continuará defendendo seus cidadãos e a manter sua dignidade nacional, com ou sem António Guterres”, finalizou. 

O que é persona non grata? 

Segundo o Itamaraty, a designação de 'persona non grata' é um instrumento jurídico conhecido mundialmente e utilizado em diversas tratativas internacionais. Com a prerrogativa, os Estados podem indicar, através da medida, que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo em seu território. Dessa forma, cabe ao país que enviou o representante, que o retire do país receptor.

Além disso, uma vez classificado como persona non grata, a personalidade política passa a não ser reconhecido como membro de missão diplomática e não recebe o status consular. Também ficam suspensas as imunidades e privilégios dados a chefes de Estados durante a passagem pelo país.

A ação de classificar representantes políticos como persona non grata é utilizado para punir e expulsar diplomatas acusados de espionagem, além de mostrar publicamente seu descontentamento.

Lula ‘persona non grata’ em Israel 

“Não perdoaremos e não esqueceremos - em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é uma persona non grata em Israel até que peça desculpas e se retrate por suas palavras”, declarou o ministro das Relações Exteriores do país, Israel Katz. 

Para o chanceler israelense, a comparação de Lula entre “a guerra justa de Israel contra o Hamas e as ações de Hitler e dos nazistas, que exterminaram 6 milhões de judeus, é um grave ataque antissemita que profana a memória daqueles que morreram no Holocausto”.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula na ocasião. 

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