Israel sofre com crise de saúde mental e hospitais de Gaza podem fechar, diz ONU

Representante da OMS visita sobreviventes e aponta 'fardo psicológico coletivo' provocado pela crise dos reféns; em Gaza, serviços essenciais podem ser interrompidos

Da Redação, com ONU News

Palestinos são resgatados após ataque em hospital em Gaza
REUTERS/Mohammed Al-Masri

As operações humanitárias em Gaza correm o risco de serem interrompidas nesta quarta-feira (25) por falta de combustível, alertam agências da Organização das Nações Unidas (ONU). Ao mesmo tempo, Israel continua lidando com uma prolongada crise de reféns e demais consequências dos ataques do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro.

O representante especial da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Israel, Michel Thieren, disse que o trauma dos sobreviventes e o “fardo psicológico coletivo” provocado pela crise dos reféns aumentaram as necessidades de saúde mental. Mais de 220 israelenses e cidadãos estrangeiros ainda são mantidos em cativeiro pelo Hamas na Faixa de Gaza.

Ao visitar um hospital na cidade de Ashkelon, no sul de Israel, que está tratando muitas das 4,6 mil pessoas feridas nos ataques, Thieren disse que “quase todos os sobreviventes tinham visto outra pessoa morrer antes de eles próprios serem feridos”.

O representante da OMS pontuou que a saúde mental dos médicos e enfermeiros que conheceu em Israel foi fortemente afetada pelos relatos dos sobreviventes e pelas feridas que tratavam.

Ele também visitou bases militares onde os corpos mutilados de muitas das 1,4 mil vítimas dos ataques do Hamas estão armazenados em contêineres refrigerados e falou sobre o impacto sobre os médicos e peritos forenses que lutam para identificá-los.

Escassez de combustível

O principal hospital de Gaza, no sul do enclave, fez um alerta do de que as operações de salvamento seriam interrompidas na noite desta quarta-feira devido à escassez de combustível. 

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) alertou que, a menos que seja permitida a entrada de combustível, também será forçada a interromper todas as operações a partir desta noite.

Gaza está sob um apagão total de eletricidade desde 11 de outubro e a escassez de combustível comprometeu serviços essenciais, desde ambulâncias a padarias e instalações de abastecimento de água.

Segundo relatos da mídia, um quarto do comboio de ajuda humanitária chegou ao enclave através da passagem de Rafah na noite de terça-feira, composto por oito caminhões do Crescente Vermelho Egípcio.

Situação de mulheres e meninas

Terça-feira também registou o maior número de vítimas mortais registado em um único dia em Gaza desde o início do confronto, segundo o Escritório da ONU de Assuntos Humanitários (OCHA). Cerca de 704 palestinos, incluindo 305 crianças, foram mortos, elevando o número total de óbitos no território para 5.791, segundo o Ministério da Saúde Palestino.

Em entrevista para a ONU News, a vice-diretora executiva da ONU Mulheres, Sarah Hendriks, enfatizou a necessidade urgente de mulheres e meninas em Gaza terem acesso a abrigo seguro, proteção e cuidados de saúde maternos. 

Ela disse que, segundo o Fundo de População da ONU (UNFPA) cerca de 50 mil mulheres em Gaza estão atualmente grávidas e é estimado que mais de 5,5 mil deem à luz no próximo mês. 

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