Israel anuncia 1ª refém resgatada de Gaza durante ofensiva

Soldada da IDF, Ori Megidish havia sido sequestrada pelo Hamas da base de Nahal Oz em 7 de outubro e foi libertada no 4º dia de ação terrestre na região. Grupo terrorista palestino divulga vídeo de outras reféns.

Por Deutsche Welle

Uma soldada das Forças de Defesa de Israel (IDF) raptada pelo grupo radical islâmico Hamas em 7 de outubro foi libertada neste domingo (30/10), no quarto dia da operação terrestre na Faixa de Gaza.

Ori Megidish – primeira resgatada numa ação das forças israelenses e a quinta a regressar à família dentre mais de 200 pessoas sequestradas pelo Hamas – está em boas condições de saúde, anunciou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

Ministro da Defesa, Yoav Gallant disse que o resgate prova que a aposta do governo israelense em uma ação por terra em Gaza está surtindo efeito.

O enclave está sob intenso bombardeio desde que Israel declarou guerra ao Hamas e impôs um rígido cerco ao território palestino controlado pelo grupo em reação ao pior massacre da história judaica desde o Holocausto.

Considerado um grupo terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e diversos países do Ocidente, o Hamas invadiu território israelense em 7 de outubro e promoveu uma série de ataques, matando cerca de 1.400 pessoas – a maioria civis. Outras 40 pessoas são dadas como desaparecidas.

Na semana passada, tanques e blindados israelenses adentraram a Faixa de Gaza – primeiro em duas rápidas incursões, e depois numa terceira, que segue desde a noite de sexta-feira e foi definida por Netanyahu como a "segunda fase" de uma "guerra de independência".

Hamas divulga imagens de três reféns, e Netanyahu reage: "propaganda cruel"

Também neste domingo, Netanyahu classificou de "propaganda cruel" um vídeo divulgado pelo Hamas mostrando três mulheres mantidas reféns, identificadas como Elena Trupanov, Daniel Aloni, e Rimon Kirsht.

Nas imagens, uma delas pede um acordo com o Hamas para troca de prisioneiros – não está claro se as mulheres foram forçadas a gravar o vídeo.

O Hamas já havia anunciado que aceitaria libertá-los todos em troca de cerca de 5.000 palestinos presos em Israel.

Apreensivos com o desenrolar do conflito, alguns familiares têm expressado o receio de que a intensificação dos combates em Gaza inviabilize as negociações para libertar os reféns.

Segundo Netanyahu, porém, a ofensiva por terra "na verdade cria a possibilidade" de resgatar os reféns porque o Hamas só os libertará "sob pressão". "Quanto maior for a pressão, maiores serão as chances", declarou.

Blindados começam a se aproximar da Cidade de Gaza

A IDF afirma que infantaria, tanques e unidades blindadas estão tentando chegar a grupos armados dentro de Gaza, e contabiliza a destruição de mais de 600 alvos nos últimos dias, incluindo depósitos de armas, bases de lançamentos de mísseis e esconderijos. O jornal americano New York Times noticiou que militares aparentam estar cercando a Cidade de Gaza vindos de três direções. O objetivo seria isolar a região norte do restante do enclave.

Ainda há civis na área – a IDF fez diversos apelos para que saíssem "temporariamente" e se refugiassem no sul, mas alguns moradores ignoraram os apelos alegando não ter nenhum lugar seguro para onde ir.

Parte está abrigada em hospitais, como o Al-Quds, cujas imediações foram bombardeadas no domingo, segundo relatos. Equipes médicas permaneceram no local sob o argumento de não ter como transferir pacientes em situação delicada.

No lado palestino o conflito fez, segundo informações das autoridades em Gaza, mais de 8.000 vítimas – esses dados não podem ser verificados de forma independente.

"Nenhum único civil tem que morrer", afirmou Netanyahu nesta segunda. Segundo ele, o Hamas tem sabotado esforços de evacuação. "Estamos fazendo o máximo para evitar mortes civis: não só dizendo que saiam, arrumando um lugar para eles que é seguro, também entrando com apoio humanitário, dando a eles comida, água, medicamentos."

Israel autoriza emissário da ONU a entrar em Gaza

Em meio a relatos de intensificação da crise humanitária e crescente pressão internacional, Israel autorizou, no final de semana, a entrada de mais ajuda humanitária no território, totalizando 117 caminhões em mais de três semanas de conflito, mas as Nações Unidas alegam que o volume ainda é insuficiente para atender às necessidades dos civis, que precisariam de 100 caminhões por dia.

Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), cerca de 670 mil pessoas desalojadas pelo conflito estão abrigadas em 149 instalações do órgão em Gaza e "enfrentam condições cada vez mais desesperadoras". A agência também contabiliza 63 funcionários mortos, 10 deles nas últimas 72 horas.

Coordenador humanitário da ONU, Martin Griffiths foi autorizado a entrar no território pela primeira vez desde o início da guerra, informou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense nesta segunda.

"Pedir um cessar-fogo é pedir que Israel se renda ao Hamas", diz premiê

Na sexta passada, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou, por ampla maioria, uma resolução não-vinculativa em que pede uma "trégua humanitária imediata" para garantir a assistência de civis palestinos sitiados no enclave.

O gesto foi recebido com indignação pela diplomacia israelense, que criticou a ausência de uma condenação ao Hamas.

Nesta segunda, Netanyahu disse que Israel não adotará um cessar-fogo. "Pedir isso é pedir que Israel se renda ao Hamas, ao terrorismo, à bárbarie. Isso não ocorrerá."

O país, além de se defender de mísseis do Hamas que continuam ser lançados a partir de Faixa de Gaza, também enfrenta ataques vindos da Síria e do Líbano – neste último, Hisbolá e organizações palestinas começaram, pela primeira vez, a lançar foguetes contra alvos civis.

A tensão também é sentida na Cisjordânia. Nesta segunda, uma policial israelense foi esfaqueada e gravemente ferida, e quatro palestinos foram mortos em uma patrulha militar no campo de refugiados Jenin. Um militar da reserva foi afastado temporariamente do cargo após violar comandos e procedimentos militares no assentamento de Ma'ale Amos.

O governo isralense anunciou o congelamento temporário de repasses à Autoridade Palestina (AP), que administra a Cisjordânia, por suspeita de apoio aos ataques terroristas do Hamas de 7 de outubro. O país recolhe impostos em nome da AP, a quem repassava algo próximo de 160 milhões de dólares (mais de R$ 800 milhões) mensais, segundo dados mais recentes.

ra (dpa, ots)

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