Um tribunal do Irã condenou a iraniana ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Narges Mohammadi, a mais seis meses de prisão junto a outras quatro prisioneiras por protestar na cadeia contra a execução de um detento, informou sua família nesta segunda-feira.
Esta é a sétima vez que a Justiça do país condena e amplia a pena da ativista pelos direitos das mulheres, presa desde 2021. Os juízes argumentaram que as detentas "resistiram às ordens" dos oficiais.
"Essa nova sentença vem em resposta a um protesto pacífico contra a execução de Reza Rasai dentro da prisão de Evin", declarou nas redes sociais a família da ganhadora do Nobel.
O prisioneiro era acusado de envolvimento no assassinato de um oficial iraniano que aconteceu durante a revolta desencadeada pela morte de Jina Mahsa Amini, em setembro de 2022.
A jovem de 22 anos morreu depois de ter sido presa pela polícia da moralidade do Irã por não usar corretamente o véu islâmico na cabeça, provocando a maior onda de protestos no país em décadas.
Família diz que polícia negou atendimento médico
Durante o protesto contra a execução em na prisão de Evin, em Teerã, Mohammadi recebeu um golpe no peito e desmaiou, segundo seus familiares.
A família da ativista também afirmou que as autoridades iranianas negaram tratamento médico a Mohammadi e que, em três ocasiões, impediram que ela fosse levada ao hospital para fazer exames devido a problemas cardíacos e ao aparecimento de um nódulo em seu seio.
Mohammadi mantém ativismo
Mohammadi, de 52 anos, foi condenada sete vezes desde 2021 a um total de 13 anos e nove meses de prisão e 154 chicotadas, entre outras punições. A última extensão de pena foi determinada em junho deste ano depois de ela pedir um boicote às eleições legislativas no país.
Apesar de suas condenações, a ativista continuou a se manifestar contra as violações dos direitos humanos no Irã, o uso da pena de morte e a violência contra mulheres que não usam o véu islâmico.
Mohammadi recebeu o Prêmio Nobel da Paz 2023 "por sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e por promover os direitos humanos e a liberdade para todos". Na ocasião, ela não pode comparecer para receber a premiação pois já estava detida no Irã.
gq (efe, ots)