Irã ataca Israel com mísseis em meio à escalada de tensão no Oriente Médio

Explosões causaram danos limitados, com dois feridos leves em Tel Aviv, mas elevam a temperatura do conflito na região. Israel contou com a ajuda dos Estados Unidos, que emitiram alerta horas antes.

Por Deutsche Welle

O regime iraniano lançou na noite de terça-feira (01/10) mais de uma centena de mísseis balísticos contra Israel, atingindo principalmente Tel Aviv. A ofensiva ocorreu em meio aos recentes bombardeios israelenses no Líbano, que causaram a morte de mais de mil pessoas, incluindo líderes do grupo radical Hezbollah, apoiado pelo Irã.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmam que a maioria desses mísseis foi interceptada pela Força Aérea de Israel, em cooperação com o Comando Central das Forças Aéreas dos Estados Unidos. Segundo os israelenses, cerca de 180 mísseis foram disparados pelos iranianos. Os EUA, que haviam alertado mais cedo para um “ataque iminente”, citaram cerca de 200 mísseis.

Sirenes foram ouvidas em todo território israelense, mas as explosões causaram danos limitados, com dois feridos leves em Tel Aviv, segundo o serviço de emergência Adom. Autoridades locais afirmaram que, até o momento, não há relatos de mortes ou ferimentos graves.

A Guarda Revolucionária do Irã afirmou que o ataque desta terça teve como alvo três bases militares israelenses nas proximidades de Tel Aviv. Embora o Irã tenha reivindicado que a ofensiva foi "bem-sucedida", fontes israelenses e americanas afirmaram que a maioria dos mísseis foi interceptada. De acordo com o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, o ataque foi "derrotado e ineficaz".

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou, após o ataque, que o Irã "cometeu um grave erro esta noite e vai pagar por isso".

A população israelense foi orientada a permanecer por algumas horas em abrigos antibombas. O espaço aéreo israelense chegou a ser fechado durante a ofensiva, assim como o do Iraque e da Jordânia.

O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), contra-almirante Daniel Hagari, informou que, até o momento, nenhuma outra ameaça foi detectada, mas reforçou que a situação ainda está sendo monitorada. Já o chefe do Estado-Maior do exército israelense, Herzl Halevi, disse que o país conseguiu repelir o ataque graças aos seus sistemas de defesa aérea.

Hagari também alertou ao Irã que “esse ataque terá consequências”. “Temos planos e vamos operar no local e na hora que decidirmos.”

Paralelamente ao ataque iraniano, um atentado a tiros ocorreu em Jaffa, nos arredores de Tel Aviv. Segundo a imprensa israelense, dois terroristas abriram fogo contra várias pedestres. Pelo menos oito pessoas morreram no ataque, incluindo os dois atiradores.

Escalada de violência na região

Foi o primeiro ataque direto do Irã desde abril, quando Teerã também alvejou bases israelenses em um ataque semelhante ao desta terça-feira. Mas, em contraste com o ataque de abril, que também envolveu mais de uma centena de drones, a ofensiva desta terça-feira foi feita exclusivamente com mísseis balísticos, que percorreram a distância entre o Irã e Israel em poucos minutos. O número de mísseis usados desta vez também foi maior.

Mas, tal como na ofensiva de abril, o ataque desta terça-feira aparentemente não resultou em danos significativos em Israel, apesar da alegação do regime de Teerã de que "90%" dos mísseis teriam atingido seus alvos.

O confronto entre Israel e forças apoiadas pelo Irã vem aumentando nas últimas semanas. O ataque desta terça ocorre no momento em que uma nova ofensiva terrestre israelense avança no sul do Líbano, onde o Hezbollah tem forte presença. Em duas semanas, as forças militares israelenses já mataram mais de mil libaneses, entre eles membros da cúpula do grupo radical, mas a maioria civis, segundo autoridades do país.

Israel diz que continuará a atacar o Hezbollah até que seja seguro que os cidadãos israelenses deslocados de casas próximas à fronteira com o Líbano possam retornar. O Hezbollah prometeu continuar a disparar foguetes contra Israel até que haja um cessar-fogo em Gaza com o Hamas, que também é apoiado pelo Irã.

A expansão das operações militares de Israel começou após o ataque do Hamas em 7 de outubro do ano passado, que deixou cerca de 1.200 israelenses mortos e 250 reféns. O conflito se intensificou após a resposta israelense, com uma operação em Gaza que já resultou em mais de 40 mil mortos, além de baixas em outros territórios como Líbano e Iêmen.

Retaliação e resposta internacional

A missão diplomática do Irã nas Nações Unidas chamou o episódio desta terça de "resposta legal e legítima" aos "atos terroristas" de Israel e à morte de Hassan Nasrallah, ex-chefe do grupo extremista do Hezbollah, morto na última sexta-feira (27/09) em bombardeio israelense.

O Irã lidera o chamado "Eixo da Resistência" – aliança informal de países e milícias do Oriente Médio como o grupo libanês Hezbollah, o palestino Hamas, os rebeldes houthis no Iêmen, milícias xiitas no Iraque, Afeganistão e Paquistão, além da Síria.

O que une essas organizações é sua oposição ao Ocidente. Elas se apresentam como a "resistência" à influência dos Estados Unidos e de seu aliado Israel na região. O Irã entra com o apoio financeiro, de armas e treinamento.

O líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, autorizou o ataque, segundo a mídia estatal iraniana, e advertiu que o país está "pronto para qualquer retaliação". Em resposta, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que monitora o conflito de perto e deu ordens para ajudar na defesa israelense.

O governo dos Estados Unidos emitiu um alerta, horas antes do disparo dos mísseis, sobre possíveis preparativos do Irã para um ataque.

A Alemanha e o Reino Unido também condenaram o ataque iraniano.

sf/jps (AP, AFP, Reuters, ots)

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