Famílias com renda média-baixa e muito baixa foram as mais atingidas pela inflação, no acumulado de 12 meses, segundo o Indicador Ipea de Inflação, divulgado nesta terça-feira, 15. Os grupos de renda mais altas sofreram um impacto menor.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as famílias de renda média baixa tiveram a maior alta inflacionária, com taxa de 10,8%, um pouco superior à registrada pela faixa de renda muito baixa (10,5%), mas acima da faixa de renda alta (9,6%).
Impacto em janeiro
Em relação a janeiro, o Ipea registrou uma leve desaceleração inflacionária para todas as faixas de renda em comparação a dezembro. Mesmo assim, famílias com renda maior tiveram mais vantagem do que as com renda muito baixa. Os percentuais do mês foram 0,34 e 0,63, respectivamente.
“Na comparação com janeiro do ano passado, houve alta da inflação para todas as faixas, sendo que o impacto foi maior para classe de renda mais baixa, cuja inflação em janeiro deste ano (0,63%) foi o triplo da apontada em janeiro de 2021 (0,21%)”, comparou a pesquisadora do Ipea Maria Andreia Lameiras, autora do indicador mensal.
Transportes provocaram desaceleração
Segundo o Ipea, em janeiro, enquanto todos os grupos de bens e serviços pressionaram a inflação das duas classes de renda mais baixas, o grupo transporte trouxe alívio inflacionário para as demais faixas. Isso significa que os alimentos e bebidas (foram os maiores vilões para o bolso do consumidor, enquanto a gasolina apresentou deflação de 1,1%.
Mesmo diante das deflações da energia (-1,1%), do gás de botijão (-0,73%) e da gasolina (-1,1%), os reajustes dos aluguéis (1,5%) e das tarifas de ônibus urbano (0,22%), intermunicipal (0,56%) e interestadual (1,6%), resultaram em impactos inflacionários para as famílias de menor renda, nos grupos de habitação e transporte.
A maior alta sofrida por famílias de renda alta está relacionada aos serviços de recreação, como pacotes turísticos (2,7%), hospedagens (2,0%) e cinema (1,9%). A queda no preço dos combustíveis – gasolina (-1,1%) e etanol (-2,8%) – das passagens aéreas (-18,4%) e do transporte por aplicativo (-18%) fez o grupo dos transportes aliviar a inflação na faixa de renda mais alta.
O desempenho mais favorável da inflação para a faixa de renda muito baixa se explica pela desaceleração nos preços das hortaliças e verduras (3,1%), frutas (2,7%) e do café (0,32%), em 2021, a deflação das carnes (-0,32%), do vestuário (-0,07%) e, sobretudo, da energia elétrica (-5,6%).