Impacto da inflação em janeiro foi maior na classe de renda mais baixa, diz Ipea

Apesar do impacto maior nos mais pobres, inflação de janeiro desacelerou para todas as faixas de renda

Da redação com Agência Brasil

Preços altos atingem famílias mais pobres com mais força
Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Famílias com renda média-baixa e muito baixa foram as mais atingidas pela inflação, no acumulado de 12 meses, segundo o Indicador Ipea de Inflação, divulgado nesta terça-feira, 15. Os grupos de renda mais altas sofreram um impacto menor.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as famílias de renda média baixa tiveram a maior alta inflacionária, com taxa de 10,8%, um pouco superior à registrada pela faixa de renda muito baixa (10,5%), mas acima da faixa de renda alta (9,6%).

Impacto em janeiro

Em relação a janeiro, o Ipea registrou uma leve desaceleração inflacionária para todas as faixas de renda em comparação a dezembro. Mesmo assim, famílias com renda maior tiveram mais vantagem do que as com renda muito baixa. Os percentuais do mês foram 0,34 e 0,63, respectivamente.

“Na comparação com janeiro do ano passado, houve alta da inflação para todas as faixas, sendo que o impacto foi maior para classe de renda mais baixa, cuja inflação em janeiro deste ano (0,63%) foi o triplo da apontada em janeiro de 2021 (0,21%)”, comparou a pesquisadora do Ipea Maria Andreia Lameiras, autora do indicador mensal.

Transportes provocaram desaceleração

Segundo o Ipea, em janeiro, enquanto todos os grupos de bens e serviços pressionaram a inflação das duas classes de renda mais baixas, o grupo transporte trouxe alívio inflacionário para as demais faixas. Isso significa que os alimentos e bebidas (foram os maiores vilões para o bolso do consumidor, enquanto a gasolina apresentou deflação de 1,1%.

Mesmo diante das deflações da energia (-1,1%), do gás de botijão (-0,73%) e da gasolina (-1,1%), os reajustes dos aluguéis (1,5%) e das tarifas de ônibus urbano (0,22%), intermunicipal (0,56%) e interestadual (1,6%), resultaram em impactos inflacionários para as famílias de menor renda, nos grupos de habitação e transporte.

A maior alta sofrida por famílias de renda alta está relacionada aos serviços de recreação, como pacotes turísticos (2,7%), hospedagens (2,0%) e cinema (1,9%). A queda no preço dos combustíveis – gasolina (-1,1%) e etanol (-2,8%) – das passagens aéreas (-18,4%) e do transporte por aplicativo (-18%) fez o grupo dos transportes aliviar a inflação na faixa de renda mais alta.

O desempenho mais favorável da inflação para a faixa de renda muito baixa se explica pela desaceleração nos preços das hortaliças e verduras (3,1%), frutas (2,7%) e do café (0,32%), em 2021, a deflação das carnes (-0,32%), do vestuário (-0,07%) e, sobretudo, da energia elétrica (-5,6%). 

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