Invasão é necessária para negociação "justa" com Moscou, diz Ucrânia

No décimo dia da contraofensiva ucraniana na região de Kursk, conselheiro do presidente Volodimir Zelenski afirma que movimento foi necessário para negociar a paz "nos nossos termos".

Por Deutsche Welle

A incursão ucraniana no território russo iniciada na semana passada teve como objetivo levar Moscou à mesa de negociação, disse nesta sexta-feira (16/08) um alto funcionário do governo da Ucrânia.

Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente Volodimir Zelenski, publicou em suas redes sociais que a recente invasão surpresa na fronteira da região de Kursk foi necessária para tentar convencer Moscou a iniciar negociações de paz, em seus "próprios termos".

"Precisamos infligir derrotas táticas significativas à Rússia", escreveu Podolyak no aplicativo de mensagens Telegram. "Na região de Kursk, vemos claramente como a ferramenta militar é usada objetivamente para convencer a Federação Russa a entrar em um processo de negociação justo."

Em sua conta na rede social X, ele disse que é "óbvio" que a Ucrânia não está interessada em ocupar territórios russos, e que se trata de uma ação defensiva.

A Ucrânia descartou qualquer negociação com a Rússia se as tropas russas não deixarem seu território.

Enquanto isso, a Rússia acusa o Ocidente de ajudar a incursão ucraniana, e suas tropas tiveram novos ganhos no leste da Ucrânia.

O presidente Vladimir Putin disse que a Rússia declararia um cessar-fogo somente se Kiev se retirasse das quatro regiões que a Rússia alega ter anexado, mas que controla apenas parcialmente: Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson.

Ofensiva ucraniana provocou fugas e deslocamentos

A Ucrânia alega ter avançado 35 quilômetros na região de Kursk, no oeste da Rússia, e que controla 1.150 km² do território, incluindo 82 assentamentos.

Trata-se do maior ataque de um exército estrangeiro em solo russo desde a Segunda Guerra Mundial, e a incursão mais profunda da Ucrânia na Rússia desde que Moscou lançou sua invasão em grande escala, em fevereiro de 2022.

A contraofensiva, iniciada em 6 de agosto, provocou a fuga de mais de 120 mil russos na região de Kursk sob clima de guerra, com projéteis, helicópteros, aviões e jatos de combate sobrevoando a área.

A incursão ucraniana continua, segundo relatam militares. Os militares montaram, inclusive, um escritório administrativo no local.

O general Oleksandr Syrsky disse que o escritório "manteria a lei e a ordem" e "atenderia às necessidades imediatas" da população da região.

Apesar do efeito simbólico, a incursão parece ter tido pouco impacto nas batalhas maiores, que estão ocorrendo no leste da Ucrânia.

Autoridades militares de Pokrovsk, por exemplo, pediram nesta sexta que moradores acelerassem a evacuação diante de uma rápida aproximação do exército russo da cidade, um dos principais alvos de Moscou há meses.

sf (AFP, AP, ots)

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