A fase vermelha do plano de enfrentamento a Covid-19 não tem sido respeitada em São Paulo. Com as reuniões do Natal, o infectologista do Centro de Contingência do Coronavírus, Marcos Boulos, em entrevista à Rádio Bandeirantes, alerta para uma possível retomada das ações adotadas no início da pandemia. “Se mesmo com as restrições colocadas as aglomerações continuarem, vamos recomendar medidas mais duras em janeiro.” Assista a entrevista completa:
Após dezenas de relatos enviados por ouvintes da rádio sobre festas e bailes funk, o especialista demonstrou preocupação com os acontecimentos da madrugada desta sexta-feira, 25. Boulos afirma que o resultado da fase vermelha será discutido na próxima terça-feira, 29. Os números da doença precisam cair porque, diferente do começo da pandemia, o sistema de saúde está mais frágil.
“São Paulo vermelho no fim de ano vem na tentativa de evitar o fluxo grande da doença. A expectativa é que tenha um aumento muito grande nos casos e estamos preocupados com o sistema de saúde. Ao contrário do início da pandemia, em que aumentamos a estrutura e os serviços médicos no país, agora os hospitais de campanha foram desativados e as UTIs reduzidas. Hoje poderemos ter dificuldade para dar assistência a todos”, lamentou.
De acordo com o médico, não se descarta o retorno às medidas adotadas no começo da pandemia a partir de janeiro. “Nós [infectologistas] somos conselheiros, alertamos e damos os dados, mas a decisão é do governador e dos seus secretários. É necessário um endurecimento maior e vamos discutir como propor isso para apertar ainda mais os cintos.”
Até domingo, 27, apenas serviços essenciais podem funcionar em São Paulo. Bares e restaurantes podem vender apenas por delivery, parques ficarão fechados e feiras livres não poderão ser montadas.
Nesta semana, a Turquia divulgou que os testes da Coronavac no país indicaram eficácia superior a 90%. O infectologista explicou que dificilmente o resultado final da fase 3 vai apontar um percentual tão alto no Brasil. O Instituto Butantan adiou a divulgação dos dados para o começo de janeiro, segundo o governo, por questões contratuais com o laboratório na China.