'Indígenas não são tratados como seres humanos’, diz Lula na COP 27

Presidente eleito discursou no Fórum Internacional dos Povos Indígenas, que contou com a participação de lideranças dos povos originários

Da redação

No Egito para a Conferência do Clima para Mudanças Climáticas, onde é realizado a COP 27, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou do Fórum Internacional dos Povos Indígenas com participação de lideranças dos povos originários brasileiros, como a deputada federal eleita por São Paulo, Sônia Guajajara.

Durante discurso, Lula disse que, no fundo, os povos pobres e os indígenas ‘não são tratados como se fossem seres humanos, são tratados como se fossem números’. Segundo ele, os povos não estão sendo levados em conta quando se faz o orçamento de um país, no momento de distribuir recurso não tem distribuição para o povo negro, pobres e indígenas. 

“É essa a visão que a gente tem que mudar porque, às vezes, dá a impressão que os indígenas estão devendo favor a supremacia branca quando, na verdade, foram eles que se intrometeram onde vocês ja moravam muito antes de saber que esse país existia”, disse Lula. 

Lula reforça que o Brasil tem 215 milhões de habitantes atualmente, mas quando foi descoberto, segundo os historiadores, o país tinha cerca de 5 milhões de indígenas. No momento, o país tem cerca de 817 mil indígenas e 305 etnias. 

O presidente eleito reitera que no seu governo quer implementar políticas de saúde pública para os povos, para que eles participem do processo educacional. “Acho que assumir o compromisso de representar os povos indígenas é uma coisa que não tenho tamanho, mas tenho vontade”, pontuou. 

“Eu ter voltado à presidência, provavelmente, seja um teste do Lula para o próprio Lula. Quando deixei a presidência em 2010 e fiquei fora do governo, fui percebendo as coisas que poderia ter feito e não fiz. Nós precisamos mudar um pouco nossa compreensão sobre o mundo, porque as pessoas que governam olham com uma lógica totalmente diferente das que vocês olham”, conta Lula.

No discurso, Lula reforçou que o país tem uma obrigação moral, ética e política de fazer a reparação pelo que foi causado aos povos indígenas. “Eu tenho o compromisso de fazer com que o Brasil sirva de exemplo, que as pessoas não sejam tratadas como pessoas de segunda classe”, informou. Ele reitera que quer que indígenas participem do seu governo e falou, novamente, em criar o Ministério dos Povos Originários. 

“Para que a gente mude a compreensão sobre as pessoas e para que não veja o indígena como um estorvo ao desenvolvimento da sociedade, que a gente não veja o indígena como se fosse alguém que estivesse atrapalhando o desenvolvimento econômico de um país”, acrescenta. 

Lula continua a dizer que a humanidade está percebendo que cuidar do meio ambiente, da preservação, do ecossistema e da biodiversidade já não é mais uma coisa menor, é importante. “Nós não temos dois planetas terra, temos apenas um e é nesse que precisamos viver com respeito, dignidade e qualidade de vida”, finaliza. 

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