Incêndio em Rafah pode ter sido provocado por explosões secundárias, diz Israel

Segundo as Forças de Israel, o incêndio que matou 45 palestinos em campo de refugiado no sul de Gaza pode ter sido iniciado em um depósito de munições do Hamas

Da Redação

Palestinos procuram comida em escombros após ataque de Israel em Rafah
REUTERS/Mohammed Salem

As Forças de Defesa de Israel declararam nesta terça-feira (28) que estudam a possibilidade de que “explosões secundárias” em bombardeio contra membros do Hamas teriam atingido o acampamento de refugiados em Rafah, no sul de Gaza, que provocou a morte de 45 palestinos

Líderes do mundo todo condenaram as mortes em Rafah. O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou estar “indignado” com os ataques de Israel a Rafah e apelou por um cessar-fogo imediato na região. 

“O ataque direcionado em Rafah, a 1,7 km da área humanitária, utilizou munições precisas que carregavam 34 kg de explosivos para eliminar dois importantes terroristas do Hamas”, informou as Forças de Israel em nota.

“Estamos estudando a possibilidade de explosões secundárias a partir de um depósito de munições do Hamas perto do complexo civil e a mais de 100 metros de distância do local do ataque – causando o incêndio que tragicamente tirou vidas de civis”, acrescentou. As Forças de Israel afirmaram que estão investigando a causa do incêndio e continuam a operar “de acordo com o direito internacional”.

Ataque de Israel em Rafah 

Ataques aéreos de Israel na cidade de Rafah deixaram ao menos 45 pessoas mortas e dezenas de feridos. Os bombardeios atingiram tendas de ajuda humanitária que abrigavam pessoas deslocadas. 

Segundo a agência de notícias Reuters, os militares israelenses afirmaram que a força aérea atacou um complexo do Hamas em Rafah e que o ataque foi realizado com "munições precisas e com base em informações precisas". Dois líderes do grupo terrorista foram mortos na ofensiva. 

“As Forças de Israel têm conhecimento de relatórios que indicam que, como resultado do ataque e do incêndio desencadeado”, escreveu as forças israelenses, que declarou estar analisando o incidente. 

Os bombardeios de Israel aconteceram no bairro de Tel Al-Sultan, no oeste de Rafah, onde milhares de pessoas deslocadas se abrigavam após fugirem de outras regiões da Faixa de Gaza. 

Mais cedo no domingo, os militares israelenses disseram que oito projéteis foram identificados cruzando a área de Rafah contra Tel Aviv, não houve, até o momento, relatos de vítimas.

Gaza é o inferno na terra, diz ONU

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) declarou nesta segunda-feira (27) que as imagens dos bombardeios israelenses contra Rafah, no sul da Faixa de Gaza, é uma prova de que o enclave é o “inferno na terra”. 

"As informações provenientes de Rafah sobre novos ataques a famílias que procuram abrigo são horríveis. Há relatos de baixas (mortes e feridos) em massa, incluindo crianças e mulheres entre os mortos. Gaza é o inferno na terra. As imagens da noite passada são mais uma prova disso", declarou a agência em publicação na plataforma X, antigo Twitter. 

Segundo a UNRWA, a agência não tem uma linha de comunicação com funcionários no local e não podem confirmam a localização. “Estamos extremamente preocupados com todas as pessoas deslocadas que se abrigam nesta área. Nenhum lugar é seguro. Ninguém está seguro”, completou. 

Itamaraty condena ataque de Israel 

Para o Itamaraty, a ofensiva de Israel contra Rafah é “sistemática violação aos Direitos Humanos e ao Direito Humanitário Internacional, assim como flagrante desrespeito às medidas provisórias reafirmadas, há poucos dias, pela Corte Internacional de Justiça”.

“Essa nova tragédia demonstra o efeito devastador sobre civis de qualquer ação militar israelense em Rafah, conforme manifestações e apelos unânimes da comunidade internacional, e diante dos deslocamentos forçados por Israel, que concentraram centenas de milhares de refugiados, em condições de absoluta precariedade, naquela localidade”, declarou a pasta em comunicado.

O Ministério das Relações Exteriores reforçou que deplora a retomada de lançamentos de foguetes de Gaza, pelo Hamas, contra o território israelense. O grupo terrorista disparou oito foguetes contra Tel Aviv, todos foram interceptados. 

“Ao expressar sua solidariedade ao povo palestino, sobretudo aos familiares das vítimas de Rafah, o Brasil reafirma a condenação a toda e qualquer ação militar contra alvos civis”, pontuou.

O Itamaraty voltou a pedir que a comunidade internacional exerça pressão diplomática a fim de alcançar um cessar-fogo imediato no conflito que já dura mais de sete meses, a libertação dos reféns do Hamas em Gaza e a entrada de assistência humanitária adequada à população do enclave palestino.

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