Incêndio atinge galpão da Cinemateca em São Paulo

Ao menos três salas que contém arquivos históricos do acervo do instituto foram consumidas pelo fogo

Leo Zvarick, do Jornal da Band e Redação

Um incêndio atingiu o galpão da Cinemateca Brasileira, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo (SP), no fim da tarde desta quinta-feira (29). O local era usado para guardar parte do acervo do instituto. 

O Corpo de Bombeiros informou que foi acionado por volta das 18h e as chamas foram controladas por volta das 20h20. Ao menos 17 viaturas foram deslocadas para a região. Não há registro de vítimas.

As primeiras informações apontam que todo o primeiro andar foi atingido pelas chamas, onde ao menos três salas que contém arquivos históricos do acervo foram consumidas pelo fogo.

O incêndio teria começado durante a manutenção do sistema de ar-condicionado. Em nota, a Secretaria Especial da Cultura afirmou que “todo o sistema de climatização do espaço passou por manutenção há cerca de um mês como parte do esforço do governo federal para manter o acervo da instituição”.

A Secretaria Especial de Cultura, órgão do governo federal, confirmou ainda que pediu apoio da Polícia Federal para investigar as causas do incêndio. “Só após o controle total [das chamas] pelo Corpo de Bombeiros que atua no local poderá determinar o impacto e as ações necessárias para uma eventual recuperação do acervo e, também, do espaço físico”, diz a nota.

O imóvel atingido pelo fogo não é a sede principal da instituição, que fica na Vila Clementino, mas também guarda parte de seu acervo, como a documentação do Instituto Nacional do Cinema, do Concine (Conselho Nacional de Cinema), cópias de segurança de filmes e, possivelmente, arquivos de filmes do curso de cinema da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo.

A casa de cultura já sofreu com quatro incêndios em sua história. No último deles, a sede da instituição, que fica na Vila Clementino, foi atingida pelo fogo em fevereiro de 2016. Na ocasião, cerca de 500 obras foram destruídas. 

Criada em 1940, a Cinemateca Brasileira é responsável pela preservação e difusão da produção audiovisual brasileira. Tem o maior acervo da América do Sul, formado por cerca de 250 mil rolos de filmes e mais de um milhão de documentos relacionados ao cinema, como fotos, roteiros, cartazes e livros, entre outros.

Em um manifesto redigido por funcionários da Cinemateca Brasileira, divulgado em abril de 2021, foi alertado, entre outras coisas, para riscos de incêndio no acervo pela falta de manutenção do local. 

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Desde 2019, a Cinemateca vive uma crise de gestão, quando o contrato da organização social que administrava o acervo foi interrompido pelo governo. A Associação Educativa Roquette Pinto, a ACERP, tinha um contrato para contratação de pessoal especializado e manutenção do acervo. O governo federal assumiu o controle, mas ainda não abriu uma nova licitação.

A gestão do instituto voltou ao governo federal em agosto de 2020. Um mês antes, o Ministério Público Federal entrou com ação na Justiça por abandono. A ação foi suspensa em maio deste ano, depois que o governo se comprometeu a mostrar planos de ação para preservação do patrimônio em até 45 dias.

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