Algumas das 1.353 crianças que foram abusadas sexualmente pelo clero da Arquidiocese de Los Angeles estão hoje com 60 ou 70 anos — e todas vão receber a parte que lhes cabe nos 880 milhões de dólares (5 bi em reais) de indenização de um acordo anunciado na quarta-feira.
É o maior pagamento único feito por uma diocese, calculado para não a levar à falência, e o total acumulado ultrapassa o 1,5 bilhão de dólares (85.182.675 bilhões em reais)
“Sinto muito por cada um desses incidentes, do fundo do meu coração”, declarou o arcebispo José H. Gomez. Minha esperança é que este acordo forneça alguma medida de cura para o que esses homens e mulheres sofreram.”
Em 2007, a Arquidiocese de Los Angeles pagou 660 milhões de dólares a 508 pessoas que a processaram por abuso sexual. Ela inclui 300 paróquias e 4 milhões de católicos, é a maior dos EUA. Ainda há muitas outras dioceses sendo processadas, mas várias declararam falência antes de um acordo. O arcebispo Gomez disse que sua Arquidiocese saldará a dívida “com reservas, investimentos e empréstimos, juntamente com outros ativos e pagamentos que serão feitos por ordens religiosas e outros nomeados no litígio.”
“Nunca será justiça completa quando o dano é a vida de uma criança”, disse ao jornal New York Times o advogado Michael Reck, da Jeff Anderson & Associates. “Mas é uma medida de justiça e uma medida de responsabilidade que dá a esses sobreviventes alguma sensação de encerramento, pelo menos.”
Muitos processos por abuso sexual contra o clero de Los Angeles e São Francisco, que tinham caducado, foram reabertos graças a uma lei aprovada em 2019, que lhes deram mais três anos de vida. Aconteceu então uma corrida: antes que qualquer processo fosse concluído, a diocese visada entrava com pedido de falência, limitando o direito dos sobreviventes. Assim fizeram as dioceses de Oakland e San Diego e a Arquidiocese de São Francisco.