O governador Ibaneis Rocha (MDB) atribuiu ao Exército parte da culpa pelo ataque na Praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro, dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto foram invadidos e depredados por criminosos.
Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, Ibaneis ficou afastado do cargo por dois meses por suspeita de omissão nas ações de contenção dos vândalos que avançaram sobre os prédios públicos e que feriram policiais.
Na visão do emedebista, em entrevista à Rádio Bandeirantes, nesta quarta-feira (12), houve um “apagão” das forças de Segurança do DF e do Exército naquele 8 de janeiro.
“De certo modo, houve um apagão geral, apagão das forças de segurança do Distrito Federal. Era para estar sendo vigiado o Palácio do Planalto pelo pessoal do Exército. Nada disso funcionou naquela data, o que gerou todo aquele tumulto”, disse Ibaneis.
Ataques “gestados” em frente ao QG do Exército
Segundo o governador do DF, os ataques criminosos na Praça dos Três Poderes foram “gestados” no acampamento que existia em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, durante 60 dias por manifestantes que faziam “todo tipo de baderna”.
Tudo foi gestado dentro do QG do Exército, ali em frente ao principal prédio do Exército brasileiro [...]. Eles ficaram acampados por mais de 60 dias, fazendo todo tipo de baderna, de visitações, de tudo que era necessário
Cobrou participação do governo federal
Hoje, cerca de 80 militares serão ouvidos pela Polícia Federal (PF) por suposta conivência com os crimes. Para o governador, os depoimentos deles são essenciais para a investigação e esclarecimento dos fatos. O político ainda ressaltou que, na semana que antecedeu os ataques, esperava ação mais forte do Planalto para desmobilizar o acampamento em Brasília.
A gente esperava uma participação maior [do governo federal], principalmente na desmobilização no Quartel General do Exército, que não ocorreu naquela semana. Houve, pelo contrário, um esfriamento de toda a equipe do governo federal nessa desmobilização
Anderson Torres “paga preço alto”
Perguntado sobre a prisão de Anderson Torres, o governador disse apenas que o ex-ministro da Justiça, no governo Bolsonaro, e então secretário de Segurança Pública do DF até o dia dos ataques paga um preço muito alto pelo que fez e/ou deixou de fazer.
Eu acho que o Anderson está pagando um preço muito alto por coisas que ele fez e, talvez, por coisas que ele deixou de fazer. Agora, nós temos que aguardar, realmente, o esclarecimento de tudo