Húngaros protestam em peso contra governo Orbán

No feriado nacional, oposição mostra que a Hungria não é só o chefe de governo nacional-populista Viktor Orbán. Viúva do ativista Alexei Navalny denuncia cumplicidade com Putin e exorta húngaros a terem coragem.

Por Deutsche Welle

Na capital húngara, Budapeste, dezenas de milhares protestaram nesta sexta-feira (15/03) contra o governo do primeiro-ministro Viktor Orbán, atendendo à convocação de diversos grupos oposicionistas por ocasião do feriado nacional em que se relembra o início da rebelião contra a monarquia dos Habsburgos, em 15 de março de 1848.

Numa mensagem de vídeo, Yulia Navalnaya, viúva do dissidente russo Alexei Navalny, morto na prisão em 16 de fevereiro, acusou o húngaro de "cúmplice" do presidente Vladimir Putin: este teria iniciado a guerra de agressão contra a Ucrânia, dois anos atrás, por saber que contaria com ajuda a partir da Europa, afirmou.

Além de Orbán, o chefe do Kremlin conta com outros adeptos no continente, frisou Navalnaya. Contudo, assim como Putin não representa toda a Rússia, é preciso não reduzir a Hungria a seu chefe de governo. "Tenham coragem!", exortou os manifestantes.

Após a morte de Navalny sob circunstâncias suspeitas, o populista Orbán e seu partido nacional-conservador Fidesz se recusaram publicamente a prestar luto: quando deputados oposicionistas pediram um minuto de silêncio pelo ferrenho crítico do Kremlin, os correligionários do premiê – que há muito cultiva boas relações com Putin – permaneceram demonstrativamente sentados.

Nascimento de uma nova força de oposição na Hungria?

Falando aos participantes da manifestação em Budapeste, o político de oposição húngaro Péter Magyar afirmou que no país rege uma "oligarquia" que está arruinando o Estado, e o Judiciário e a imprensa devem voltar a ser independentes da política: "Vamos criar uma força a que possam se unir todos os húngaros de boa vontade, que queiram trabalhar por seu país."

No nível internacional, o país precisa abandonar o curso anti-União Europeia e se voltar para os aliados ocidentais, apelou Magyar. Ele foi marido da ex-ministra da Justiça e principal candidata ao Parlamento Europeu Judit Varga, do Fidesz, que em fevereiro se desligou de todos os seus cargos políticos.

Antes, a presidente Katalin Novak renunciara ao cargo, em seguida a ter perdoado um homem condenado por cumplicidade com abuso infantil. Na qualidade de chefe da pasta da Justiça, Varga ratificou o decreto de perdão presidencial. Desde o afastamento de sua ex-mulher da vida política, Magyar tem atacado Orbán e seu governo de forma repetida e rigorosa.

O jurista e antigo diplomata tem acenado com a perspectiva de fundar um novo partido. Segundo uma enquete do instituto de pesquisa de opinião Median, ele teria chances de conquistar até 9% dos votos do eleitorado, tornando-se assim a principal força da fragmentada oposição húngara.

av (AFP,DPA)

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