Homem preso após reconhecimento por foto 3X4 de quando era adolescente deixa a cadeia no RJ

Jeferson Pereira da Silva, de 29 anos, é acusado de roubo, mas a família afirma que ele é inocente

Luanna Bernardes, da BandNews FM, com Jornal da Band

Já está em liberdade o homem que foi preso após ser identificado por uma foto 3X4 de quando era adolescente. O habeas corpus solicitado pela defesa de Jeferson Pereira da Silva, de 29 anos, foi concedido pela Justiça, mas por causa do erro na anotação de um dígito no alvará de soltura, o rapaz não pôde ser solto neste domingo (12). 

Jeferson é acusado de roubo, mas a família afirma que ele é inocente. Na decisão, a desembargadora Denise Vaccari ressaltou que ele não tem antecedentes criminais e que a prisão foi fundamentada "no falho e duvidoso reconhecimento por fotografia".

A magistrada autorizou a troca da prisão por medidas cautelares, como o comparecimento mensal de Jeferson à Justiça, a obrigação de não mudar de endereço sem comunicar e a proibição de se ausentar da cidade por mais de oito dias.

Em entrevista hoje na porta da penitenciária, Jeferson lamentou que apesar da soltura, a situação dele ainda não está resolvida. 

"Eu não sou inocente ainda, isso é apenas um alvará de soltura, todo mês eu tenho que vir aqui para assinar papéis e passar por tudo isso de novo, eu não estou livre disso ainda", lamentou Jeferson.

Jeferson foi preso na última quarta-feira (8). Ele foi reconhecido pela vítima de um roubo cometido em fevereiro de 2019. O criminoso tinha uma arma e roubou um celular, documentos e R$ 5. 

A irmã de Jeferson, Fernanda Pereira, diz que ele só soube que respondia a um inquérito oito meses depois, quando foi abordado por agentes do programa Méier Presente.

"Por que a foto dele estava no álbum da Polícia se ele nunca teve nenhuma passagem? Uma foto de quanto ele só tinha 14 anos estava no registro. Nós vamos lutar para ele sair dessa, o meu irmão é inocente", desabafou Fernanda Pereira, irmã de Jeferson

Ele trabalha como motorista de aplicativo e ajuda no bar dos pais, no Engenho Novo, na zona norte da capital fluminense. 

Em nota, a Polícia Civil afirmou que o inquérito foi relatado pelo delegado à época. O reconhecimento fotográfico pela vítima ocorreu na gestão passada e o pedido de prisão foi decretado pela Justiça. 

Quanto ao reconhecimento por foto, a Secretaria Estadual de Polícia Civil reforça que a atual gestão recomendou que os delegados não usem apenas o reconhecimento fotográfico como única prova em inquéritos policiais para pedir a prisão de suspeitos.

Esse já é o terceiro caso de prisão equivocada por reconhecimento fotográfico em cerca de um mês no Rio de Janeiro. Além de Jeferson Pereira, Raoni Lázaro Rocha, 34, cientista de dados, e Tiago Marques de Oliveira, estoquista em uma escola, também foram presos por falhas no reconhecimento fotográfico. Como ponto comum, todos são homens negros de região periférica.

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