Hamilton Mourão afirmou que o comando do Ministério das Relações Exteriores pode ser trocado depois das eleições no Congresso. O vice-presidente da República falou com exclusividade à Rádio Bandeirantes, nesta quarta-feira, 27.
Com a ressalva de que está fora das discussões a respeito do assunto, o general disse acreditar que haverá uma reforma ministerial.
“Eu acho, julgo, não tenho bola de cristal para isso, nem esse assunto foi discutido comigo, que em um futuro próximo após essa questão das eleições dos novos presidentes das duas casas do Congresso poderá ocorrer uma reorganização do governo para que seja acomodada a nova composição política que emergir desse processo. Talvez alguns ministros sejam trocados, entre eles das Relações Exteriores. Prefiro aguardar porque o assunto não foi discutido comigo e tudo o que eu falar será pura especulação”, disse.
Entrevistado pelos jornalistas Claudio Humberto e Pedro Campos, no Jornal Gente, Mourão admitiu que gostaria de participar mais das decisões de governo.
“O papel do vice-presidente é um papel delicado. Nossa Constituição é meia vaga do que é responsabilidade do vice-presidente. A Constituição coloca que a responsabilidade é substituir eventualmente o presidente e ficar em condições de cumprir tarefas especiais designadas pelo presidente da República. Na minha visão acho que o presidente poderia me utilizar mais de modo que a gente pudesse chegar as decisões que fossem mais adequadas as situações que têm sido vividas. Eu sempre estou pronto para auxiliar e tenho procurado fazer isso dentro dos meus limites de atuação, mas é obvio que eu queria ter uma participação maior”, afirmou.
Possibilidade de Impeachment
Hamilton Mourão comentou a possibilidade de impeachment de Jair Bolsonaro. Para o vice-presidente da República, não há condições para isso, e o assunto vai perder força com o avanço da vacinação contra o coronavírus
“No presente momento não está dada nenhuma das condições para o impeachment do presidente Bolsonaro. Acho que há muito ruído e muita gritaria, fruto de um desconhecimento sobre as vacinas. O mundo inteiro está com problemas para ter acesso a essas vacinas. As empresas que fabricam a vacina são poucas, os insumos vêm principalmente da China e da Índia, e nós vamos ter ao longo desse semestre dificuldade para todos e o assunto termina por respingar aqui. A partir que o processo de vacinação avançar essa pressão por impeachment vai diminuir”, disse.
Mourão ainda destacou dados de ontem que mostram que o Brasil já vacinou 800 mil pessoas e que países da Europa, que começaram a imunizar suas populações mais cedo, com exceção do Reino Unido, atingiram em média 1 milhão de vacinados.
Na entrevista exclusiva à Rádio Bandeirantes, Mourão atribuiu o agravamento da pandemia às campanhas eleitorais em novembro e às festas de fim de ano. O vice-presidente defendeu o uso de máscara e os cuidados sanitários para evitar o contágio.
“Nós temos que buscar em todos os momentos manter as medidas profiláticas que estão sendo recomendadas como o uso da máscara, a constante limpeza das mãos, é um vírus que sai com a mera lavagem das mãos. Nós temos sentido as perdas eu perdi recentemente um amigo e é óbvio que é algo que a gente não deve brincar”, afirmou.
Fura-fila
Hamilton Mourão criticou a suspensão da distribuição de mais de 71 mil doses da vacina de Oxford em Manaus. A decisão da Justiça em razão das denúncias de que muita gente furou a fila prejudica quem mais precisa, afirma o general.
“Eu tive um chefe militar que dizia que cada um tinha que saber o tamanho da sua cadeira. Acho que aqui no Brasil que não compreendeu qual é o tamanho da sua cadeira e termina por atrapalhar o processo. Se alguém furou a fila manda pagar cesta básica, algum tipo de punição, mas não precisa jogar no calabouço. Existem punições administrativas que podem ser conduzidas e a pessoa entender o erro que cometeu”, disse.
Auxílio emergencial
O vice-presidente é favorável à manutenção do auxílio emergencial, mas pondera que despesas terão que ser cortadas para bancar o benefício.
Mourão disse que o Brasil vive uma "crise fiscal séria" e a dívida pública não pode se tornar "ainda mais impagável".
Na entrevista exclusiva à Rádio Bandeirantes, ele justificou os gastos de R$ 1,8 bilhão do governo federal com alimentação no ano passado.
“Esse é o tipo do assunto que está sofrendo o tratamento com desinformação. É um gasto de alimentação geral e discricionário de todo o governo. Toda uma gama de entidades que fizeram essa compra. Não significa que o governo centralizadamente fez isso”, explicou.