Já que o Conselho de Segurança da ONU aprovou o cessar-fogo imediato em Gaza até o final do Ramadã, em mais duas semanas, por que o Hamas deveria aceitar as condições israelenses para libertar reféns?
Não aceitou, e o comunicou, nesta terça-feira, ao Catar, que centraliza as negociações Israel-Hamas, interrompidas com o acordo do governo israelense de trocar 800 prisioneiros palestinos, cem deles condenados à prisão perpétua, por 40 reféns. Faltava só a resposta do Hamas.
A resolução da ONU não vincula a libertação de reféns ao cessar-fogo. E ela só se aplica a Israel, que é membro da ONU, e não ao Hamas, que não é. O governo israelense não indicou se vai cumpri-la, mas ela não seria obrigatória, ou “non-binding”.
A abstenção dos Estados Unidos, que permitiu a aprovação da resolução, ampliou a crise com Israel, que cancelou a ida de uma delegação militar a Washington, esta semana, para discutir o próximo passo em Rafah, último reduto do Hamas ameaçado de ofensiva israelense, mesmo povoada por mais de um milhão de palestinos, milhares deles refugiados do norte de Gaza.
No encontro agora cancelado, o presidente Biden pretendia mostrar alternativas que não bombardeios aéreos e ofensiva terrestre que possam resultar em mais catástrofe humanitária.
A Casa Branca considerou exagerada a reação do governo israelense. Mas Biden e Netanyahu vinham escalando a tensão publicamente. O apoio irrestrito de Biden a Israel passou a custar votos de que ele precisa para reeleger-se na revanche com Trump, no final do ano.
A crise pegou o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, em visita à Washington. Nesta terça-feira ele vai se encontrar com o secretário da Defesa Lloyd Austin e o diretor da CIA, William Burns, já de volta das negociações no Catar.
E os houthis do Iêmen dizem que dispararam mísseis contra navios na entrada do Canal de Suez e na direção de Eilat, balneário ao Sul de Israel.