
O Hamas aceita libertar cinco reféns vivos em troca de uma trégua de 50 dias. Israel quer que sejam libertados 11. O Egito está tentando um meio termo entre as duas propostas. Mas a guerra continua, porque o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acredita que, sob fogo, as negociações ficam mais eficazes.
É o que declarou Netanyahu no início de uma reunião dominical de seu gabinete: “A pressão militar está funcionando”. E ele acrescentou que vê “rachaduras” na posição do Hamas.
Assim será o fim da guerra que entra no 7º mês com mais de 50 mil mortos, na visão de Netanyahu: “O Hamas vai depor suas armas. Seus líderes terão permissão para deixar Gaza. Nós cuidaremos da segurança geral e permitiremos a implementação do plano Trump” — o plano de imigração voluntária”, que antes foi concebido como uma Riviera no Oriente Médio, com a deportação da população palestina para países árabes.
Um dos negociadores do Hamas, Khalil al-Hayya, disse, neste sábado: “Não queremos nada de novo. Queremos respeitar o que foi assinado, o que os fiadores garantiram e que a comunidade internacional aprovou”. Ele se referiu ao que constava no primeiro acordo de cessar-fogo, prevendo que num segundo tempo Israel se retiraria de Gaza e todos os reféns, 24 vivos e 35 mortos, seriam devolvidos. Israel cumpriu a primeira parte mas não a segunda, porque seu objetivo sempre foi de só encerrar a guerra com o extermínio ou a rendição do Hamas.
Khalil al-Hayya, no entanto, sabe que não existe mais a opção do acordo de três fases assinado em janeiro. Por isso, ele disse que a nova proposta egípcia foi aceita pelo Hamas. No primeiro e último encontro inédito com um emissário da Casa Branca, em Doha, no Catar, a liderança palestina havia concordado em libertar o soldado israelense-americano refém, Edan Alexander. Mas o negociador dos EUA, Steve Witkoff, rejeitou o acordo, porque sua simples existência enfureceu Netanyahu, que se nega a dialogar com uma organização que considera terrorista.
Nem o Hamas e nem Israel divulgaram as propostas de cessar-fogo que receberam dos mediadores egípcios e catarianos. A imprensa no Oriente Médio cita a oferta de libertação de cinco reféns e a contraproposta de libertar 11, como o impasse atual. Netanyahu aproveitou a reunião de seu gabinete para se vangloriar de estar “comprometido em trazer de volta os reféns”, ao contrário do que dizem as famílias dos reféns e a oposição. Foi mais além, dizendo que o que funciona é a combinação de pressão militar e diplomática, “e não todas as reivindicações e slogans vazios que ouço nos estúdios (de TV) dos especialistas”.
Sobre o Líbano, advertiu: “Ele tem que garantir que nenhum ataque contra Israel saía de seu território”. Ao presidente e amigo Donald Trump ele agradeceu os ataques contra os Houthis, no Iêmen, que continuam disparando mísseis balísticos contra Israel, mandando milhares de israelenses para abrigos antiaéreos.
O Hamas começou neste fim de semana a se vingar de palestinos que marcharam, na semana passada, pela primeira vez, pedindo paz, em Gaza. As notícias, publicadas em jornais deste domingo, dão conta de que seis manifestantes foram executados, mas só identificam um deles, Odai al-Rubai, 22, que convocou alguns dos protestos.