O grupo extremista Hamas declarou que “valoriza” as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que comparou as ações das forças de Israel na Faixa de Gaza ao do nazista Adolf Hitler contra judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Em mensagem publicada na rede social Telegram, o Hamas considerou a fala do petista como uma “descrição precisa” do que os palestinos estão enfrentando, com o apoio do líder americano Joe Biden.
“Pedimos ao Tribunal Internacional de Justiça que leve em consideração a declaração do presidente brasileiro sobre o que o povo palestino está passando nas mãos do exército de ocupação criminoso”, disse o grupo, enfatizando que os palestinos estão sendo submetidos a “atrocidades sem precedentes” na era moderna.
A declaração do Hamas foi recebida de forma negativa. Segundo fontes, a ala política de Lula irá sugerir uma espécie de “carta ao povo judeu” do petista quando ele retornar ao Brasil. A intenção é minimizar os danos.
Declaração de Lula
Lula disse em coletiva de imprensa que o que está acontecendo na Faixa de Gaza não é uma guerra, mas sim um genocídio e fez referências às ações de Hitler contra os judeus.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula.
O presidente fez a declaração depois de ser questionado sobre a decisão de alguns países de suspender repasses financeiros à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), após denúncias israelenses de que 12 funcionários teriam participado dos ataques terroristas do Hamas contra Israel em 7 de outubro.
Na última quinta-feira (15), Lula afirmou que o Brasil irá fazer um novo aporte de recursos para a UNRWA. “Exortamos todos os países a manter e reforçar suas contribuições”, disse Lula durante sessão extraordinária da Liga dos Estados Árabes, no Cairo.
Reações de Netanyahu e comunidade judaica
“As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Se trata de banalizar o Holocausto, de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”, escreveu o premiê israelense.
“Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e pela garantia do seu futuro até a vitória completa e faz isso ao mesmo tempo que defende o direito internacional”, acrescentou Netanyahu.
Benjamin Netanyahu, junto com com ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, decidiram convocar o embaixador brasileiro no país para “uma dura conversa de repreensão”.
O chanceler israelense também se manifestou sobre as falas de Lula e informou que seu gabinete deve convocar o embaixador brasileiro para uma “repreensão” nesta segunda-feira (19). “As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Ninguém prejudicará o direito de Israel se defender”, declarou Israel Katz.
Conib repudia falas de Lula
Em nota enviada à Band, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) repudiou as declarações “infundadas” do petista. Para a entidade, a fala de Lula é uma “distorção perversa da realidade, ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes”.
“O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira. A Conib pede mais uma vez moderação aos nossos dirigentes, para que a trágica violência naquela região não seja importada ao nosso país”, escreveu a entidade. Leia a nota na íntegra abaixo:
A Conib repudia as declarações infundadas do presidente Lula comparando o Holocausto à ação de defesa do Estado de Israel contra o grupo terrorista Hamas. Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu. Essa distorção perversa da realidade ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes.
O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira. A Conib pede mais uma vez moderação aos nossos dirigentes, para que a trágica violência naquela região não seja importada ao nosso país.