O hacker Walter Delgatti Neto foi condenado nesta segunda-feira (21/08) a 20 anos e 1 mês de prisão pelo vazamento de conversas de autoridades ligadas à Operação Lava Jato, no caso que ficou conhecido como Vaza Jato.
A pena resulta das investigações da Polícia Federal (PF) durante a Operação Spoofing, que apurou o vazamento de mensagens do aplicativo Telegram de autoridades envolvidas na Operação Lava Jato.
O juiz substituto 10ª Vara Federal do Distrito Federal Ricardo Augusto Soares Leites disse que as investigações comprovaram que Delgatti hackeou um grande número de pessoas.
"Seus ataques cibernéticos foram direcionados a diversas autoridades públicas, em especial agentes responsáveis pela persecução penal, além de diversos outros indivíduos que possuem destaque social, bastando verificar as contas que tiveram conteúdo exportado", afirma a decisão do juiz. "A amplitude das vítimas é imensa e poderia render inúmeras ocasiões de extorsões."
O magistrado destacou que Delgatti Neto teria tentado vender o material hackeado para a imprensa por R$ 200 mil. Ele avaliou como "inequívoca" a posição do hacker como "líder da organização criminosa". Outras seis pessoas também foram condenadas no caso. O hacker ainda pode recorrer da condenação.
Autoridades na mira do hacker
A Vaza Jato expôs uma série de mensagens trocadas entre o ex-juiz e atual senador Sergio Moro e procuradores do Ministério Público. O material sugeria conduta indevida de Moro, que teria agido com parcialidade para prejudicar o ainda ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O escândalo desmoralizou a operação, que terminaria alguns anos depois.
Delgatti confessou ter invadido as contas dos procuradores e repassado o conteúdo ao portal The Intercept Brasil, que divulgou o caso em uma série de reportagens em parceria com outros veículos de comunicação.
Em 2019, Delgatti foi preso pela PF durante a operação Spoofing. Ele acabou sendo solto em setembro de 2020, mas voltou a ser detido em junho de 2023 por descumprimento de medidas judiciais, sendo liberado no mês seguinte.
O hacker, porém, acabou voltando à prisão no início de agosto por causa de outra investigação que apura suspeita de que ele teria sido pago pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para invadir sistemas eletrônicos do poder Judiciário.
Na semana passada, Delgatti depôs na CPMI dos atos golpistas e na Polícia Federal. Ele acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro de planejar ataques à Justiça Eleitoral e de tramar contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
rc (ots)