O jornalista Yan Boechat é um dos destaques do Canal Livre deste domingo, 10. A guerra na Ucrânia, sob a ótima de quem esteve no meio do conflito, será discutida com o time de jornalistas da Band e um dos maiores especialistas em relações internacionais do país, o diplomata Sergio Amaral, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos. A possibilidade do uso de arma nuclear e o massacre em Bucha estão entre os assuntos.
O Canal Livre vai ao ar neste domingo, 10, às 20h no BandNews TV. Depois da NBA, o programa será transmitido na tela da Band. A apresentação é de Rodolfo Schneider. Participa, como entrevistador, o jornalista Fernando Mitre.
Yan Boechat, enviado especial da Band à Ucrânia, descreve a força da resistência civil e militar ucraniana contra as forças de Vladimir Putin, presidente da Rússia. Segundo o jornalista, a estratégia do Kremlin é arcaica, de maneira que os veículos russos se tornam alvos fáceis para os equipamentos cedidos à Kiev.
“Teve uma resistência ucraniana importante. A população civil se envolveu de forma muito aguerrida, inclusive em áreas que são ligadas, histórica e etnicamente, à Rússia. Não se esperava esse tipo de resistência, mas a impressão que deu é de que Vladimir Putin ou a Rússia operaram de forma muito arcaica”, comentou Boechat.
Massacre em Bucha é de responsabilidade russa?
O jornalista comentou o massacre em Bucha, cidade próxima à Kiev onde foram encontradas dezenas de corpos de civis, muitos em covas rasas. A Ucrânia acusa a Rússia. O Kremlin, porém, diz que as denúncias são falsas e retruca os EUA. Boechat, que esteve em área vizinha, levanta dúvidas sobre a responsabilidade exclusiva de Moscou.
“As pessoas não recolhem os corpos. Os corpos ficam lá. Eu imagino que parte dessas pessoas que estavam mortas em Bucha tenham morrido dias antes da saída dos russos por conta de toda a atividade de artilharia que aconteceu durante esse período. É óbvio que o governo ucraniano vai querer dizer que as mortes foram todas causadas pelos russos. E os russos tentam convencer do contrário”, explicou o jornalista.
Diplomata não prevê acordo tão cedo
O diplomata Sérgio Amaral destaca que não vê um próximo entendimento entre Moscou e Kiev. Ele acredita que, ao contrário, a agressividade entre as duas forças militares aumenta, apesar das sanções econômicas estabelecidas pelos aliados ocidentais da Ucrânia.
“Hoje, já parece que os dois lados estão resignados com a perspectiva muito baixa ou nenhuma de haver um entendimento. Ao contrário, parece que a agressividade ainda está aumentando e poderá aumentar mais”, pontuou Amaral após ser questionado sobre o balanço dos 45 dias de guerra sem um acordo de paz.
Para Amaral, a preocupação mundial tende a aumentar quando a guerra se intensificar na região de Donbas, província oficialmente ucraniana formada por separatistas pró-Rússia. Antes da invasão, o próprio Putin reconheceu a independência do que ele chama de repúblicas populares de Donetsk e Luhansk.
“A agressividade pode aumentar ainda mais quando vier esta etapa próxima, que é a guerra na região de Donbas, Leste da Ucrânia. Aí acho que a ferocidade voltará e a possibilidade de um entendimento será ainda mais baixa”, analisou o embaixador.
“Putin quer usar arma nuclear”
O diplomata concorda com a comparação trazida por Boechat sobre a forma antiquada com que Putin trata a guerra, mas levanta a preocupação de que o presidente russo quer um pretexto para usar amas nucleares. Nesse sentido, uma possível explosão atômica não é mais um temor para as potências, seja por Moscou, seja pelos EUA em resposta, caso entre de vez no conflito.
Galeria de Fotos
Rússia x Ucrânia: Veja imagens da guerra 1/65
“O que o Putin está fazendo é querer utilizar a arma nuclear. Isso ele mencionou duas vezes. Até o próprio Biden mencionou também, quando disse: ‘Eu vou responder ao Putin na proporção do ataque dele’, quer dizer, com a mesma arma. Nós temos uma diferença do armamento, da estratégia”, continuou o diplomata.
Na guerra da comunicação, Amaral ressalta que Putin está encurralado no que diz respeito ao convencimento da opinião pública internacional. Na outra ponta, a tão imponente “paz americana” também passa por crises.