O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, discordam tanto um do outro que não estão nem se falando, mesmo com Israel em guerra. Nesta segunda-feira, porém, ambos deram aos Estados Unidos uma mesma resposta sobre a situação dos 60 mil deslocados das cidades do norte israelense, alvos de bombardeios do Hezbollah desde 8 de outubro do ano passado.
“A única maneira” é uma guerra contra o Hezbollah, disse o ministro Gallant ao enviado da Casa Branca à Jerusalém e Beirute, Amos Hochstein, nesta segunda-feira, e ao secretário da Defesa dos EUA, Lloy J. Austin III, por telefone, no domingo à noite.
“Mesmo que aprecie e respeite o apoio estadunidense, Israel fará o que é necessário para trazer os residentes do norte para suas casas”, disse o primeiro-ministro Netanyahu, numa reunião a sós com o conselheiro sênior Hochstein. E o que é “necessário” seria, exaustos os esforços diplomáticos que envolveram também a França, uma operação militar.
(Nas redações dos jornais israelenses corria o rumor, nesta segunda-feira, segundo o qual Netanyahu vai demitir Gallant.)
Hochstein respondeu aos dois, Netanyahu e Gallant, que não acredita que uma ampliação do conflito resolva a questão dos deslocados que, contando com os do sul do Líbano, somam 150 mil pessoas. Nesta quinta viagem à Jerusalém e Beirute sua missão é a de evitar uma guerra entre os dois países. É a opinião, também, do embaixador da França em Israel, Frédéric Journès:
“Se começar uma guerra em grande escala no Líbano, tudo isto poderá se transformar em conflito regional, e aí teremos um na Ucrânia e um segundo no Oriente Médio”, ele afirmou na Conferência de Segurança Nacional do jornal Haaretz. “Ninguém quer esta guerra”, acrescentou. “O Irã não a quer, o Hezbollah não a quer e Israel não a quer, mas é muito possível que ela aconteça. ”
Os tiroteios transfronteriços prosseguiram nesta segunda-feira, com misseis do Hezbollah queimando campos israelenses na Galileia, e aviões israelenses mirando arsenais no interior do Líbano. À medida que os combates em Gaza arrefecem, soldados são transferidos para a fronteira libanesa. A tensão vai crescendo. Uma indicação da prontidão israelense foi a distribuição de armas para 97 “unidades de rápida resposta”, aprendendo a lição dos seguranças que defenderam seus kibutzim e vilarejos na fronteira com Gaza, com pouco armamento, quando o Hamas atacou, em 7 de outubro de 2023.