O Itamaraty admitiu que a viagem do ex-ministro das relações exteriores Ernesto Araújo para Israel, em meio à pandemia durante o mês de março, não resultou na assinatura de um acordo para o desenvolvimento ou importação de um tratamento com spray nasal contra a covid-19. Além disso, o governo federal decidiu manter em sigilo as informações sobre a viagem até 2036. A informação é exclusiva do correspondente internacional da BandNews TV, Jamil Chade.
O jornalista teve acesso a documentos do Itamaraty em resposta a parlamentares brasileiros do PSol que questionaram a viagem da comitiva brasileira. Neles, o ministério reconhece que não houve a ratificação do acordo pelo medicamento.
Araújo e Israel assinaram uma minuta do acordo, mas o Ministério da Saúde não o ratificou.
Chade explica que alguns telegramas diplomáticos e outros documentos acerca dos preparativos e negociações entre governo brasileiro e israelense foram classificados como “confidenciais” ou “secretos” pelos próximos 15 anos, ou seja, até 2036. Outros documentos estão com acesso negado até 2026.
Sem contar o uso do avião da Força Aérea Brasileira, o custo da viagem foi orçado em R$ 88 mil.
Procurado, o Ministério da Saúde ainda não respondeu o motivo de não ter ratificado o acordo assinado pelo Itamaraty e Israel. Já a pasta de Relações Exteriores disse que o diálogo com os israelenses continua, com o País podendo participar da fase 2 de testes do medicamento de alguma forma. A Embaixada de Israel também afirmou que as conversas continuam.
No dia 15 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro compartilhou uma postagem do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e dizia que em breve seria enviado à Anvisa um pedido para o uso emergencial do spray que serviria para o tratamento contra o coronavírus. A comitiva fez a viagem e chegou ao país em 8 de março.
A comitiva liderada pelo chanceler Ernesto Araújo contava também com o secretário especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, que desde então foi exonerado do cargo; o assessor especial da Presidência Filipe Martins; os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Hélio Lopes (PSL-RJ); o embaixador Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega; o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto; e o secretário de Políticas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, Marcelo Marcos Morales.