O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), assinou a exoneração de 38 servidores da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A mesma portaria, publicada no Diário Oficial da União (DOU) da última segunda-feira (23), dispensou outros quatro colaboradores e nomeou Lucia Alberta Andrade De Oliveira para a Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável.
As demissões acontecem em meio à crise de saúde e fome no território dos indígenas ianomâmis. No último sábado (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou a região, em Roraima, onde classificou o que viu como “desumano”, além de responsabilizar o garimpo ilegal e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“É desumano o que eu vi aqui”, disse o presidente. “Sinceramente, o presidente que deixou a presidência nesses dias, se, ao invés de fazer tanta motociata, tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe, esse povo tivesse não abandonado como está”, continuou.
570 mortes de crianças em 4 anos
Segundo o governo, pelo menos 570 crianças ianomâmis morrerem nos últimos quatro anos, diz postagem do governo federal nas redes sociais, publicada ainda ontem. O Ministério dos Povos Indígenas, chefiado por Sônia Guajajara (Psol), contabilizou cerca de 100 óbitos do mesmo grupo etário somente em 2022.
Ainda na sexta-feira (20), Lula editou um decreto que cria o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das populações em território Yanomami. Também teve, sob ordem da ministra da Saúde, Nísia Trindade, a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.
Inquérito autorizado por Dino
Nas redes sociais, o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), anunciou a abertura de um inquérito da Polícia Federal (PF) para apurar possível crime de genocídio e outras responsabilidades penais contra os ianomâmis. Um ofício para iniciar as investigações será enviado nesta segunda-feira (23).