O governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Saúde, anunciou o decreto de emergência em saúde pública para a dengue nesta terça-feira (5), após o Centro de Operações de Emergências (COE) recomendar a medida, uma vez que o estado atingiu 300 casos confirmados da doença por 100 mil habitantes na segunda (4).
A informação do decreto do governo paulista já havia sido divulgada pela colunista da rádio BandNews FM, Mônica Bergamo. A expectativa é que as primeiras medidas para aprimorar o combate ao mosquito Aedes aegypti sejam anunciadas em uma entrevista coletiva.
O decreto permitirá que o estado e municípios implementem ações com maior agilidade e, também, para poderem receber recursos adicionais do governo federal. Cada município, a partir da análise do cenário epidemiológico, poderá utilizar a medida estadual para decretar emergência em âmbito local.
Durante reunião do COE, a secretária da pasta em exercício, Priscilla Perdicaris, apresentou os próximos passos. “O decreto é mais uma iniciativa do estado em um planejamento de ações, iniciado no ano passado, para assegurar a assistência aos municípios e à população. Usaremos os recursos disponíveis para combater o Aedes aegypti”.
Segundo portaria do governo federal, os incrementos financeiros para emergências deverão ser enviados ao estado, a partir de agora, para investimento em vigilância em saúde, atenção primária e atenção especializada. Em São Paulo, os recursos serão destinados, prioritariamente, para aquisição de máquinas de nebulização e insumos, contratação de pessoas e ampliação da capacidade da rede.
“O monitoramento realizado pelo estado, desde o ano passado, apontava aumento expressivo no número de casos e a antecipação dos registros em cerca de dois meses. Esse trabalho permitiu que uma série de ações fosse tomada, evitando cenários mais críticos como os enfrentados pelos estados vizinhos”, ressaltou Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, durante reunião do COE.
Para priorizar a transferência de pacientes na rede estadual, que necessitem de leitos de alta complexidade, a Secretaria de Estado atualizou a orientação para a Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross), para que todos os pacientes suspeitos para dengue tenham prioridade.
Mortes por dengue no estado
O estado de São Paulo registrou 31 mortes causadas pela dengue entre os dias 1º de janeiro e esta segunda-feira (4). Outros 122 óbitos que podem estar relacionados à doença estão sendo investigados. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Em todo o estado, cerca de 138,2 mil casos já foram confirmados desde o primeiro dia do ano. Desse total, 169 são de dengue grave (em que os pacientes apresentam deficiência respiratória, sangramento grave ou comprometimento grave de órgãos) e 1.821 de dengue com sinal de alarme (situação em que, mesmo após o fim da febre, os pacientes continuam a ter dor abdominal, vômito ou sangramento de mucosas).
Sintomas
Os sintomas mais comuns da dengue são febre, dor muscular, dor de cabeça, náusea e dor nas costas.
Segundo a Secretaria da Saúde do estado, a tendência é de aumento das ocorrências da doença. “Trabalhamos, sim, com o aumento do número de casos. Se olharmos para as nossas fronteiras [divisas] – Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná –, eles também têm incidência bastante alta de casos”, disse a coordenadora de Saúde da Coordenadoria de Controle de Doenças, Regiane de Paula.
“Sabemos que, frente a esse calor excessivo, as chuvas excessivas, o efeito até do El Niño, devemos ter aí um aumento do número de casos”, explicou.
Recomendações
Entre as recomendações gerais para eliminação dos criadouros do mosquito que transmite a dengue, a secretaria listou a eliminação de pratos de plantas ou o uso de um prato justo ao vaso, que não permita acúmulo de água; o descarte de pneus usados em postos de coleta da prefeitura; a retirada dos quintais de objetos como potes e garrafas, que acumulam água; verificação de possíveis vazamentos em qualquer fonte de água; tampar ralos; manter o vaso sanitário sempre fechado; identificar sinais de umidade em calhas e lajes; verificar a presença de organismos vivos na água de piscinas ou fontes ornamentais.