O governo da França está por um fio após o primeiro-ministro, Michel Barnier, lançar mão de um instrumento constitucional que permite passar o orçamento de Estado sem um voto no parlamento. Em resposta, a oposição anunciou que irá tabular para esta quarta-feira (4) uma moção de censura contra a administração, que é minoritária na Assembleia da República francesa.

A ação é apoiada por parlamentares que vão da esquerda à extrema esquerda. Caso passe, o governo será derrubado e o primeiro-ministro terá que pedir demissão apenas dois meses após assumir o cargo. 

“Os franceses se cansaram. Talvez tenham achado que com Michel Barnier as coisas melhorariam, mas pioraram ainda mais”, afirmou Marine Le Pen, líder da extrema-direita, ao anunciar apoio à medida. 

Juntas, a Nova Frente Popular (NFP), uma aliança de partidos de esquerda, e o Reagrupamento Nacional (RN), da extrema-direita, têm votos suficientes para derrubar o governo.

Barnier tentou estancar a crise com algumas concessões de última hora para o RN, mas o gesto não surtiu efeito.

A coalizão de esquerda venceu as eleições legislativas francesas deste ano, mas o presidente do país, Emmanuel Macron, se recusou a indicar um integrante da frente como primeiro-ministro e preferiu o nome de Michel Barnier, conhecido por seu papel nas negociações do Brexit. 

Caso a moção de censura passe, será somente a segunda vez que um governo francês é derrubado em toda a história – a primeira foi em 1958.