Governo da Alemanha aprova alistamento militar voluntário

Novo projeto de lei quer obrigar jovens a declarar se têm ou não interesse em servir nas Forças Armadas. Tensões geradas pela guerra na Ucrânia elevam preocupações em relação à capacidade de defesa do país.

Por Deutsche Welle

O governo do chanceler alemão Olaf Scholz aprovou nesta quarta-feira (07/11) um projeto de lei que visa obrigar os jovens de 18 anos do sexo masculino a responder uma pesquisa sobre sua disposição para servir na Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs.

A nova pesquisa foi elaborada para motivar um número maior de jovens a se alistar, e como uma alternativa à reintrodução do alistamento obrigatório. Além disso, as tensões geradas desde o início da guerra na Ucrânia elevaram as preocupações em relação à capacidade de defesa da Alemanha.

De acordo com os planos, os jovens serão obrigados a se registrarem para um potencial serviço militar, embora o alistamento permaneça essencialmente voluntário. Eles também responderão sobre suas condições físicas e de saúde. As meninas terão a opção de preencher a pesquisa somente se desejarem fazê-lo.

Com base nas respostas, um contingente de jovens homens e mulheres será convidado para um processo de seleção. Os candidatos com maior aptidão serão recrutados para um período inicial de seis meses de serviço militar, com a opção de estender esse prazo, se assim desejarem.

O novo modelo visa atrair inicialmente mais de 5.000 recrutas extras por ano.

20.000 soldados adicionais até 2030.

Se a lei for aprovada no Bundestag (Parlamento), cerca de 300.000 jovens alemães que completarão 18 anos em 2025 terão de dizer ao governo se estariam ou não interessados em servir. Com isso, a Bundeswehr espera alistar 20.000 soldados adicionais até 2030.

O ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, disse que o novo modelo seria "nossa resposta à mudança da situação de ameaça na Europa". "Com essa lei, ajustamos o rumo para aumentar nossas capacidades de dissuasão e defesa.

Até 2011, os jovens de 18 anos tinham que completar um período de serviço militar ou de serviço social. Desde a revogação dessa lei, a Bundeswehr vem enfrentando dificuldades para aumentar seu contingente.

A Bundeswehr tem cerca de 180.000 soldados. Diante de uma Rússia mais agressiva, a Alemanha espera aumentar esse número para 230.000 até 2030, com 60.000 reservistas adicionais.

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, as Forças Armadas alemãs têm lutado para atrair recrutas e aumentar o número de soldados.

Oposição defende obrigatoriedade

Mesmo após uma campanha coordenada de recrutamento no país em 2023, a Bundeswehr recebeu apenas 18.802 novos membros – apenas 27 a mais do que em 2022.

Os partidos da oposição defendiam que o governo deveria ir mais longe e reintroduzir o alistamento obrigatório. A legenda conservadora União Democrata Cristã (CDU)– sigla que está à frente nas pesquisas para liderar o próximo governo federal – propôs um ano de serviço comunitário obrigatório para os jovens, que poderiam escolher entre o prestar o serviço militar ou trabalhar na assistência social.

Alguns críticos também disseram que a nova lei deve ser aplicada igualmente entre homens e mulheres. No entanto, tornar o serviço militar obrigatório para mulheres exigiria uma mudança na Constituição da Alemanha, algo que Pistorius disse que levaria muito tempo.

rc (AFP, DPA, Reuters)

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