Documentos entregues à CPI da Pandemia apontam que o Brasil comprou a vacina Covaxin por um preço 1.000% mais alto do que era anunciado pela própria fabricante indiana, segundo informações levantadas pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.
De acordo com o jornal, em agosto de 2020, um telegrama da embaixada brasileira em Nova Délhi, capital da Índia, dizia que o imunizante contra covid-19 produzido pelo laboratório Bharat Biotech custaria US$ 1,34 a dose (R$ 6,70 na conversão atual). Em fevereiro, no entanto, o Ministério da Saúde firmou contrato com o preço de US$ 15 por dose (cerca de R$ 75), a mais cara das seis vacinas compradas até aqui (CoronaVac, Oxford/Astrazeneca, Pfizer, Janssen, Sputnik V e Covaxin).
A ordem para a aquisição do imunizante, segundo “O Estado de São Paulo”, teria partido do próprio presidente Jair Bolsonaro, e a negociação durou cerca de três meses.
A compra da Covaxin foi intermediada pela Precisa Medicamentos, que já foi alvo do Ministério Público Federal sob acusação na venda de testes para a Covid-19.
Em nota, a Precisa alega que o preço da Covaxin foi estabelecido pelo próprio fabricante. Já o Ministério da Saúde garantiu que o pagamento só será feito após a entrega das doses.
Nesta quarta (23), a comissão do Senado vai ouvir o empresário Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, parceira da Covaxin no Brasil, que teve autorizadas as quebras do sigilo telefônico, telemático, fiscal e bancário. Os senadores querem entender como o governo gastou R$ 1,6 bilhão na compra de 20 milhões de doses da vacina indiana que ainda não teve o uso autorizado no Brasil pela Anvisa.
A falta de registro foi justamente o motivo dado pela então ministro da Saúde Eduardo Pazuello para não fechar acordo com Pfizer no ano passado. Cada dose da Covaxin custou 50% a mais em comparação com o imunizante do laboratório americano.