O governador da Bahia, Rui Costa, não poupou críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nas medidas para combate à pandemia e mesmo na coordenação para ajuda na articulação dos Estados contra a covid-19, diante da alta de casos e lotação no sistema de saúde.
"Não é só falta de coordenação que aconteceu. Eu diria que nós tivemos as autoridades federais e o presidente da República como grandes aliados do vírus”, opinou o governador.
As declarações foram dadas ao programa Ponto a Ponto, comandado pela jornalista Mônica Bergamo e o cientista político Antônio Lavareda na BandNews TV, na noite desta quarta-feira (3).
As críticas acontecem no dia em que o Brasil teve o dia mais letal em toda a pandemia, com 1.910 mortes nas últimas 24 horas, com 17 Estados com taxa de ocupação nas UTIs acima de 80%.
Na avaliação de Costa, o País não precisava passar por essa situação, criticou a lentidão nas medidas e acusou o governo federal de provocar guerra política com os Estados que não estivessem alinhados com Bolsonaro.
“Faço questão de relembrar que lá em setembro, a Pfizer ofereceu 70 milhões de vacinas ao governo federal, que não aceitou. No mês de dezembro, janeiro, nós sinalizamos que tínhamos um pré-contrato com a Sputnik, de 50 milhões de doses que garantiria, até fevereiro, ter colocado aqui 10 milhões de doses no Brasil. Nós já éramos para ter vacinado as pessoas idosas”, cravou dizendo que o Brasil ficou no “final da fila” e terá menos vacinas disponíveis com a demora nas negociações com outras farmacêuticas.
O governador justificou a fala dizendo que na Bahia, 77% pessoas que estão nas UTIs têm acima de 60 anos.
No Estado, o toque de recolher das 20h às 5h foi estendido pelo menos até o dia 31 de março. Segundo Rui Costa, as medidas visam minimizar os “efeitos catastróficos” do coronavírus.
O político também criticou a atuação da Anvisa. Em março de 2020, lembrou que a agência foi à Justiça para barrar a medida do governo estadual que media a temperatura de passageiros nos aeroportos baianos, ainda no início da pandemia. Ele também criticou a demora na aprovação do uso emergencial da vacina Sputnik V, com a qual o seu governo tem um acordo encaminhado para a aquisição de 50 milhões de doses.
“Estão permitindo a morte de milhões de brasileiros enquanto eles vão, a passos de tartaruga e muita má vontade, aprovando lentamente o uso das vacinas”, criticou.
Nesta quarta, a Bahia registrou 112 mortes nas últimas 24h, o terceiro pior índice do Estado na pandemia, somando 12.140 óbitos no total. Já a taxa de ocupação das UTIS está em 83%.