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Golpe no Gabão reflete instabilidade política em países africanos; entenda

Grupo de militares anunciou a tomada do poder e anulação da eleição presidencial realizada no último sábado (27)

Phillip Lucas e DW Brasil

Um grupo de militares do Gabão anunciou na madrugada desta quarta-feira (30) a tomada do poder, a dissolução de todas as instituições democráticas do país, além da anulação da eleição presidencial do último sábado, na qual Ali Bongo havia sido reeleito para um terceiro mandato seguido.

Cerca de 12 militares foram ao canal de tv estatal e afirmaram que o governo deposto era "irresponsável, imprevisível e que havia o risco do país entrar num caos social".

Contexto

Ex-colônia francesa, o Gabão fica no oeste da África, banhado pelo Oceano Atlântico e cortado pela Linha do Equador. Na véspera do golpe de estado, o Centro Eleitoral do país divulgou, na televisão estatal, sem anúncio prévio, os resultados oficiais das eleições presidenciais, que deram a vitória para Ali Bongo, com quase 65% dos votos.

O pleito foi altamente questionado pela oposição, que alegou fraude. A família Bongo está no poder há 55 anos. E as questões com a transparência da votação foram aumentadas devido à ausência de observadores internacionais.

Em meio à tensão, Ali Bongo cortou as conexões de internet no sábado e impôs um toque de recolher. Horas após o anúncio do golpe, as conexões de internet foram restabelecidas.

Relembre outros casos

Níger

Há um mês, militares derrubaram o governo de Mohamed Bazum, que estava no poder no Níger há dois anos. Desde então, organismos internacionais, como a União Africana, anunciaram uma série de sanções contra o país. A vizinha Argélia chegou a propor um plano de transição de poder em 6 meses para solucionar a crise. Os militares querem um período de três anos.

Burkina Faso

Em janeiro de 2022, militares derrubaram o presidente Roch Marc Christian Kaboré. Para o lugar dele, foi empossado o tenente-coronel Paul Henri Damiba. Mas meses depois um novo golpe tirou Damibá do poder, e o capitão Ibrahim Traoré alçou à presidência do país, que marcou eleições diretas para julho de 2024.

Guiné

Em 5 de setembro de 2021 um grupo de militares liderados pelo coronel Mamady Doumbouya derrubou o governo do presidente Alpha Condé. Até hoje, um governo provisório continua no comando do país./

Chade

Também em 2021, uma junta militar interveio para assegurar a governança do general Mahamat Deby, após a morte do pai, Idris Deby, que governou o país portrês décadas.

Mali

Em 2020, Ibrahim Boubacar Keita foi derrubado da presidência do Mali por um grupo de coronéis após vários meses de crise política. Menos de dois meses depois foi formado um governo de transição, que deveria devolver o poder aos civis em 18 meses.

Mas, em maio de 2021, os militares prenderam o presidente e o primeiro-ministro após a nomeação de um novo governo de transição que não tinha o aval deles. Desde então o país é governado por uma junta militar.

Sudão: Golpe compromete transição governativa

Em outubro de 2021, militares liderados pelo general Abdel Fatah al-Burhan expulsaram os civis que estavam no governo de transição no Sudão, após a queda de um outro regime autoritário que reino por 3 décadas./ Mas, desde abril deste ano, o país vê um conflito armado entre o exército e uma milícia pelo poder, que já causou mais de 5 mil mortes.

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