O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou pública a decisão que autorizou a operação da Polícia Federal, deflagrada nesta terça-feira (19), que prendeu quatro militares e um policial federal.
Eles são suspeitos de terem planejado um golpe de Estado e atentados contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes após as eleições de 2022.
A decisão que resultou nas prisões cita uma reunião na casa do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro, um plano para assassinar Lula e Moraes com explosivos ou envenenamento, detalhes do monitoramento de autoridades e a criação de um gabinete de gestão de crise.
Veja os principais pontos da investigação
Reunião na casa de Braga Netto
Segundo a investigação da Polícia Federal, o plano de matar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o vice Geraldo Alckmin foi discutido na casa do general Walter Braga Netto. A reunião teria ocorrido em 12 de novembro de 2022.
“Conforme já relatado pela investigação, no dia 12 de novembro de 2022, o tenente-coronel Mauro Cesar Cid, o major Rafael de Oliveira e o tenente-coronel Ferreira Lima se reuniram na residência do general Walter Souza Braga Netto”, diz trecho do documento.
Moraes monitorado
O ministro Alexandre de Moraes estava sendo monitorado, pelo menos, desde novembro de 2022. Segundo a PF, esse monitoramento pode ter começado logo após a reunião na residência de Braga Netto.
As trocas de mensagens entre os envolvidos demonstram, segundo a Polícia Federal, que os investigados estavam em campo, “divididos em locais específicos para, possivelmente, executar ações com o objetivo de prender o ministro Alexandre de Moraes”.
Assassinatos de Moraes, Lula e Alckmin
A investigação aponta que diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes foram consideradas, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público.
“Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de ‘captura’ seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado a morte no contexto militar) seria alto”, diz trecho do documento.
“Claramente para os investigados a morte não só do ministro, mas também de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprimento da missão de ‘neutralizar’ o denominado ‘centro de gravidade’, que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado”, completa.
Em relação a Lula, o documento descreve, “considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais”, a possibilidade de utilização de “envenenamento ou uso de químicos” para causar um colapso orgânico.
“Como, além do presidente, a chapa vencedora é composta, obviamente, pelo vice-presidente, é somente na hipótese de eliminação de Geraldo Alckmin que a chapa vencedora estaria extinta”, destaca.
Gabinete Institucional de Gestão da Crise
O documento também ainda cita a criação de um gabinete institucional de gestão de crise. General Heleno seria o chefe do gabinete, tendo como coordenador-geral o general Braga Netto. Os militares Mário Fernandes e Filipe Martins também aparecem no documento.