A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu nesta segunda-feira (10), ao Jornal Gente, as declarações dadas pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e voltou a criticar o teto de gastos. Segundo a deputada federal, o projeto está “desmoralizado”, "não é respeitado” e “serve só para conter investimentos na educação e na área social”.
A Rádio Bandeirantes deu início hoje a uma série de entrevistas com os presidentes dos principais partidos políticos do país.
A afirmação de Gleisi veio ao ser questionada sobre a possibilidade de um eventual governo petista revogar as duas propostas no futuro.
“Com certeza. Essa é a proposta do Guido e do PT. Sempre debatemos e nos posicionamos com muita clareza. Somos contra a reforma trabalhista, a forma com que ela foi encaminhada, e somos contra o teto de gastos. Dissemos que não iriam resolver os problemas do país, pelo contrário, iriam agravar. Hoje estamos vendo que aconteceu exatamente isso”, disse.
“Ademais o teto está desmoralizado. Bolsonaro não respeitou, Temer não respeitou. Os gastos do governo são feitos por fora, inclusive com as emendas secretas, o orçamento secreto. [Teto de gastos] serve só para conter investimentos na educação e na área social. Está errado. Vai na contramão das gestões do mundo inteiro. Os americanos não têm isso, estão fazendo um potente plano de investimentos para conter a crise. Na Europa a mesma coisa”, completou.
Sobre a reforma trabalhista, Gleisi alegou que, da mesma maneira, não resultou em aumento na oferta de empregos e nem no valor dos salários.
“Não é essa a saída. Temos que nos preocupar com pequenas e microempresas, sim, elas precisam ter um tratamento diferenciado, mas não é tirando direito de trabalhador que vamos melhorar a situação.”
Chapa Lula e Alckmin
A presidente nacional do PT evitou comentar a possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva, principal nome defendido pela legenda para disputar as eleições presidenciais de 2022, formar uma chapa com o ex-tucano Geraldo Alckmin. A ideia tem sido levantada desde que o ex-governador de São Paulo decidiu deixar o PSDB.
“Não estamos falando em montagem de chapa, ainda não é o momento. O presidente Lula não definiu sua candidatura, diz que deve fazer isso em fevereiro ou março. A partir daí começamos a discutir. Esse foi um tema que surgiu na imprensa pela conversa que ele teve com Alckmin, assim como teve com Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati”, disse, citando outros nomes fortes do PSDB.
“Lula tem conversado com todas as lideranças do campo democrático. É importante, nesse momento, uma grande aliança política para enfrentar o retrocesso que Bolsonaro representa. Embora tenhamos divergências programáticas, temos convergências na defesa da democracia. Andamos juntos no final da ditadura, disputamos eleições dentro das regras. Se isso pode resultar em aliança eleitoral é outra coisa”, concluiu.