"Certamente virão novas informações", disse Gilmar durante um painel do Fórum de Integração Brasil Europa (Fibe), em Portugal. "O que se diz é que esse relatório ficou um pouco atrasado em razão de informações últimas que foram colhidas, então é possível que ainda haja desdobramentos", afirmou o ministro. Gilmar qualificou os fatos apurados pela PF como "extremamente graves".
Gilmar manifestou-se favorável a vetar a participação de militares na política. O ministro descartou a possibilidade de um golpe de Estado no País, mas sugeriu a adoção de "reformas" para evitar "as chances que demos a isso". Como exemplo, o decano citou a "militarização da administração".
Na Câmara, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) de autoria da ex-deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC) proíbe a participação de militares da ativa em cargos da administração civil. A ex-parlamentar, no momento, é diretora da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O texto aguarda um parecer do relator Paulo Bilynskyj (PL-SP), escolhido nesta semana pela presidência do colegiado para analisar a proposta.
Um texto semelhante foi apresentado no Senado por Jacques Wagner (PT-BA). A proposta do ex-ministro impõe que, para se candidatar a cargos eletivos, os militares da ativa devem migrar para a reserva não remunerada. O projeto já foi aprovado na CCJ da Casa e aguarda apreciação do plenário.
Para Gilmar Mendes, a conclusão do relatório da Polícia Federal é uma prova de que "a democracia se provou resiliente, sólida". "Houve respostas e estamos em meio a esse processo. Estamos encerrando uma parte das investigações", afirmou o magistrado.
O relatório final da PF sobre a tentativa de golpe implica Jair Bolsonaro, aliados próximos do ex-presidente e militares de alta patente. O documento contém 884 e teve o sigilo derrubado por Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, na terça-feira, 26. O caso, agora, está na Procuradoria-Geral da República que pode apresentar ou não denúncia ou ainda pedir novas diligências.