Gestão da Cinemateca Brasileira retorna ao governo federal

As chaves da Cinemateca Brasileira retornam ao governo federal. Semana passada, o secretário especial de Cultura, Mário Frias, havia enviado um ofício à Associação Roquette Pinto notificando a transferência do patrimônio nesta sexta-feira, 07, e a permissão para entrada de dois técnicos da União no local.

Da Redação, com Rádio Bandeirantes

Fachada da Cinemateca Brasileira, em São Paulo Divulgação/Facebook
Fachada da Cinemateca Brasileira, em São Paulo
Divulgação/Facebook

As chaves da Cinemateca Brasileira retornam ao governo federal. Semana passada, o secretário especial de Cultura, Mário Frias, havia enviado um ofício à Associação Roquette Pinto notificando a transferência do patrimônio nesta sexta-feira, 07, e a permissão para entrada de dois técnicos da União no local. As informações são do repórter Lucas Herrero, da Rádio Bandeirantes.

A ação preocupa os 41 profissionais vinculados à organização social. Eles não recebem há quatro meses, estão em greve e nesta manhã, fazem mais um protesto por melhorias no maior acervo audiovisual da América Latina.

O Ministério do Turismo afirma à Rádio Bandeirantes que está fechando vários contratos emergenciais para garantir os serviços de manutenção do órgão, como segurança, climatização das salas e brigada de incêndio.

Porém, a pesquisadora Eloá Chouzal diz que apenas isso não adianta. Todos os trabalhadores com décadas de experiência em manter a Cinemateca serão substituídos sem uma transição, o que pode gerar consequências negativas.

"São pessoas que inclusive durante a pandemia e a greve, estão indo lá porque não podem deixar a cinemateca sem cuidados. É como se fosse um hospital com pacientes na UTI. Eles estão arrumando a questão dos porteiros e da recepção, mas tirando os médicos e os enfermeiros. Eles acham que estão garantindo o funcionamento, mas sem uma transição, isso fica impossível. Faz um corte seco, leva as chaves e aí? Amanhã pode ter um incêndio, pode pegar fogo e na semana que vem não ter mais nada. Acabou", lamenta Eloá.

Próximos passos

O Ministério Público Federal defende a assinatura de um contrato emergencial com a Roquette Pinto enquanto o governo define o que vai acontecer com a gestão do local, mas até agora, nenhuma decisão foi tomada.

Já a Secretaria Especial de Cultura informa que vai anunciar novas ações para manter o acervo nos próximos dias e que sempre se colocou à disposição para solucionar o impasse que se estende há mais de sete meses.

Entenda o impasse

Em dezembro do ano passado, o Ministério da Educação encerrou a parceria com a Roquette Pinto, que gerenciava a TV Escola e a Cinemateca também estava envolvida neste contrato.

Mesmo com a interrupção do vínculo que iria até 2021, a organização social seguiu pagando as contas com recursos próprios e hoje cobra R$ 13 milhões do governo, que já disse não reconhecer a dívida.

Enquanto isso, o último século de história do audiovisual brasileiro corre perigo. São 250 mil rolos de filmes e mais de um milhão de documentos relacionados ao cinema nacional conservados na Cinemateca.  

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