Geólogo explica o motivo de Nova York e outras grandes cidades estarem afundando

O professor e Geólogo da UFBA, Luiz Cesar Correa Gomes explicou os motivos para o band.com.br

Por Andrey Mattos

O que Nova York, Cidade do México e Amsterdã têm em comum? Além de serem cidades famosas e muito visitadas, elas estão estão afundando. É isso mesmo que você leu! Por razões diferentes, essas três cidades estão enfrentando problemas com afundamento. 

E para entender o motivo desse fenômeno, conversamos com o geólogo, especialista em Geologia Estrutural/Tectônica e Geotécnica do Instituto de Geociências da UFBA, Prof. Dr. Luiz Cesar Correa Gomes.

No caso de NY, o causador do problema é o peso dos prédios. Essa carga vem afundando a cidade, principalmente a ilha de Manhattan, 2 milímetros por ano. 

“A cidade de Nova York tem uma geologia um tanto complexa. Ela tem partes do substrato, que são rochas, e do cristalino, que são rochas mais resistentes. Tem materiais um pouco menos resistentes, que são rochas sedimentares. E também tem parte da cidade que foi aterrada, conquistada das águas que estavam ao redor da cidade, especificamente. Então, existe uma relação clássica entre a quantidade de carga que a cidade tem sobre o substrato rochoso, né? A parte de Nova Iorque está afundando mais é a parte baixa da cidade, lower Manhattan. Então, existe uma razoável correlação entre o que os cientistas estão dizendo e o que está acontecendo: muito provavelmente a carga das construções em cima das rochas mais moles é o que está gerando esse afundamento”, confirmou o professor.

Luiz César apontou os perigos desse afundamento para quem mora na ilha. “O problema é que isso pode acabar afetando os suportes de base dos prédios e pode criar problemas de rachaduras, que depois podem evoluir para coisas um pouco mais graves”, afirmou.

Cidade do México também tem problemas

Já o caso da Cidade do México é um pouco mais complexo. Na região, há uma constante movimentação de placas tectônicas e terremotos, o que contribuem para o afundamento do solo. Em alguns locais, o afundamento chega a 50 cm. 

“Tiveram vários terremotos afetando a Cidade do México. E ela é dividida também em rochas cristalinas, mais firmes e em outra parte, ela tem uma bacia sedimentar que o pessoal chama de “cuenca”. Então, normalmente, esses fenômenos acontecem nessa parte, que é sedimentar. Quem vive na parte das bacias sedimentares têm maiores problemas. Os terremotos também têm essa característica: eles podem fazer com que haja uma desarrumação do substrato rochoso embaixo dessas cidades, causando esses afundamentos. Uma outra possibilidade que é aventada também, além dos terremotos, é que está havendo muita retirada de água do aquífero subterrâneo na Cidade do México, e aí isso poderia estar causando pequenos colapsos de acomodação”, contou.

Estacas de Amsterdã são dores de cabeça na Holanda

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Nova York, Cidade do México e Amsterdã estão afundando
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Cidade do México também têm problemas com afundamentoReuters
Cidade do México também têm problemas com afundamentoReuters
Estacas de Amsterdã são dores de cabeça na HolandaReuters
Estacas de Amsterdã são dores de cabeça na HolandaReuters
Peso está afundando Nova YorkReuters
Peso está afundando Nova YorkReuters

O professor também comentou sobre Amsterdã. A cidade foi construída sobre estacas de madeira, que com o tempo, estão cedendo e causando problema. Além disso, a geografia não favorece o local: Amsterdã foi erguida abaixo da linha do mar. 

“O pessoal que fez a investigação lá na Holanda sobre esses problemas concluiu que houve uma negligência na manutenção dessas estacas E também uma falta de modernização. Foram mostradas que as estacas são de madeira e elas já não aguentam mais o peso que foi colocado. E aí você pega de 400 anos atrás até agora, veja o que deve ter acontecido em termos de aumento de carga de construções sobre essas estacas. E aí, tem o outro problema: Amsterdã está nos Países Baixos e tudo isso aí foi construído abaixo do nível do mar. Então, você tem um problema de estaqueamento e ainda tem o problema dos diques, que também estão começando a ter problemas por causa desse abaixamento do solo” afirmou.

Mas um ponto em comum em todos os casos, destacado pelo professor, é ação humana. Em todos os casos, o avanço das construções sobre áreas antes ocupadas pela natureza, são fundamentais para a causa dos problemas. 

“A participação humana tem sido cada vez mais marcante nesses desequilíbrios, de variações de níveis da de solo. Não só nessas cidades, como também em outras cidades. É um problema de ocupação desordenada, com problema de achar que o que o homem conquistou, a Terra um dia não vai reconquistar. É óbvio que não existe isso. A grande questão é: é mais fácil remediar ou prevenir?”, indagou o professor.

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