Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, afirma que a gestão de Jair Bolsonaro (PL) foi negligente com a saúde indígena e que a crise foi um “genocídio programado”. Em entrevista ao repórter Túlio Amâncio, da BandNews, a ministra citou que deverá exonerar todos os coordenadores que não tiveram boa gestão com povos indígenas.
Sonia relembrou a época em que estava à frente da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e quando citou pela primeira vez que era um genocídio. "Um momento eu falei que é preciso falar, porque não havia planejamento de atendimento. Entramos com uma ação no STF, e aí o ministro Barroso determinou que fosse retirado o garimpo de sete terras Yanomamis. A Polícia Federal fez o planejamento para, mas entregar para quem? Se o próprio governo era conivente com certos garimpeiros", afirma.
Ao relembrar a visita do governo federal até Roraima no último sábado (21), Sonia explicou a situação grave da saúde Yanomami. “Não fomos até as aldeias, fomos na CASAI, a Casa de Atenção à Saúde Indígena e lá haviam 715 Yanomamis com total desnutrição, contaminação por malária, mercúrio e não é de agora, é da desassistência dos últimos quatro anos”, diz.
Para ela, o número de crianças Yanomamis mortas pode ser maior que 570 indígenas. “Se não teve um acompanhamento da equipe médica para evitar que chegasse nesse ponto, não houve notificação adequada. Estimamos que há subnotificação de mortes”, analisa.
A ministra cita que houve apagamento de dados indígenas no governo Bolsonaro. “De fato, houve apagamento de dados, servidores chegaram a dizer para a gente que queimaram documentos, isso é um crime, um absurdo você dar fim em dados essenciais para poder avaliar e pensar o que pode ser feito”, pontua.
Sonia Guajajara anunciou que irá se unir com ministérios para combater o garimpo ilegal. “É uma das nossas prioridades, não só dos Povos Indígenas, como do governo Lula. Tem que ser uma ação articulada com o Ministério da Justiça, Meio Ambiente, do Desenvolvimento Social, da Saúde, dos Direitos Humanos e pensar a retirada dos garimpeiros numa ação incisiva e a permanência de base de segurança para evitar o retorno deles", pontua.
Confira a entrevista completa no vídeo acima.