Após a pandemia de Covid-19, a tendência de trabalhar no Brasil para empresas estrangeiras segue forte, ainda mais com o dólar ainda em alta, com média entre R$ 4,90 e R$ 4,80, além da facilitação do câmbio para o real. Para os brasileiros, o modelo de trabalho foi ainda mais rentável, já que não era preciso fazer uma mudança para outro país e ainda receber em uma moeda que vale quase cinco vezes mais que o real.
Apesar da rentabilidade, muitos ainda têm receio em investir em uma carreira internacional morando no Brasil pelo medo das flutuações do dólar, que dão a impressão que podem mudar o salário a todo momento. Rubens Moura, professor de economia da Universidade Mackenzie, explica que ainda é vantajoso trabalhar mesmo dependendo do câmbio.
“A princípio a tendência é do dólar subir em função da taxa de juros e outras características da nossa conjuntura. A moeda não vai cair a ponto de não ser interessante sair de um emprego internacional”, afirma. Mas caso haja algum receio em investir em um carreira recebendo em dólar, o professor indica algumas maneiras para proteger o salário das flutuações.
“Se acontecer de reduzir, você perde na troca, gera um risco. Mas para se proteger, você pode fazer hedge cambial, fazer swap, contrato de opção, como trocar a flutuação do câmbio por juros, de ir em uma corretora e fechar um contrato”, aponta. Ele explica que é possível trocar a variação pedindo um câmbio fixado, garantindo o salário sempre no mesmo valor.
Com a facilidade de câmbio e crescimento no número de vagas, Rafael Caporal, que é engenheiro de software de uma empresa dos Estados Unidos, afirma que ele e um grupo de amigos decidiram trabalhar neste modelo após a alta do dólar em 2022, que chegou ao pico de R$ 5,42 em julho do ano passado.
“É super comum na minha área a opção de trabalhar fora, então se a gente encontra uma vaga que faça sentido, é desproporcional, a gente ganha quase 4 vezes mais do que ganharia no Brasil”, avalia. No caso dos amigos de Rafael, todo mês eles torcem para o dólar se manter no mesmo valor cambial, mas o engenheiro de software diz que as finanças dele são mais tranquilas pelo contrato feito com a empresa:
“Eles utilizam a plataforma Husky, em que as empresas pagam por ela na cotação do dia. Então quando o salário cai, o pessoal fica apreensivo com a queda ou alta do dólar. Mas para mim há uma alternativa, que é o DILL, um sistema entre as pessoas e empresas que segue as legislações do país onde o empregado está. No meu caso, eles ofereceram o salário anual, só que com a conversão do montante para as leis trabalhistas do Brasil”, explica.
O designer Lucas de Souza, que trabalha também para uma agência nos Estados Unidos, conta que tem um salário fixo e as flutuações não o afetam tanto. “A empresa compensa para manter o salário no mesmo valor, então quando baixa, eles mandam a mais, quando sobe, fazem o inverso", conta.
Para não ser pego de surpresa por mudanças bruscas no dólar, Lucas conta que sempre monitora o câmbio. “Bate uma apreensão, mas como a empresa compensa, fico mais tranquilo porque o salário não baixa com o câmbio”, pontua.
Como conseguir um emprego que ganhe em dólar?
Com a popularização do home-office, muitos procuram por empregos do tipo e que ainda paguem em dólar ou euro. Miller Augusto, CEO do Grupo Ivy, informa que é possível fazer uma transição de carreira de sucesso, com bom planejamento. “Além disso, centenas de agências e empresas têm oportunidades na internet, por isso acredito que a oportunidade de trabalhar remotamente seja uma opção mais sólida para a transição de carreira”, pontua.
“Morar no Brasil e trabalhar com equipes internacionais, fortalecendo a língua estrangeira, podendo depois efetuar uma migração mais sólida, inclusive financeiramente, é uma ótima opção", avalia.
Bruno Martins, CEO da Trilha Carreira Interativa, pontua que é preciso um bom inglês e perfil para ter oportunidades em empresas globais. “Elas publicam muitas oportunidades no LinkedIn ou nos próprios sites. O profissional poderá ter uma exposição positiva no mercado, já que vai trabalhar em um projeto globalizado”, indica.
O CEO avalia que atualmente é possível investir neste modelo. “É preciso investir no conhecimento para estar na mira dos recrutadores, cursos e certificações, que ajudam a chamar a atenção de empresas, é um caminho para fazer dar certo. Claro que há riscos, é uma carreira que a pessoa pode ficar na informalidade, mas é preciso se cuidar”, avalia.
Quais as principais carreiras que ganham em dólar?
Bruno Martins e Miller Augusto pontuam algumas das carreiras que têm maiores oportunidades para quem busca ganhar em dólar morando no Brasil. Segundo os especialistas, são estas:
- Desenvolvedor Front-End,Back-End e Full Stack;
- DevOps e DevSecOps;
- Arquitetos de Software em geral;
- Analistas de Cibersegurança;
- Product Owner;
- Scrum Master;
- Tecnologia da informação;
- Programação de software;
- Web design;
- Comunicação;
- Marketing digital;
- Tráfego de site;
- Google Ads;
- SEO;
- Publicidade.