A aprovação no Congresso do aumento do fundo eleitoral, de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões, também é responsabilidade do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
A avaliação foi feita nesta terça-feira (20) pelo deputado federal Rodrigo Maia (sem partido-RJ), em entrevista à BandNews TV. Segundo o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Bolsonaro conta hoje com uma forte base aliada na Câmara e no Senado – nas duas casas, o projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) foi aprovado.
“Acho que a decisão do Parlamento foi uma decisão equivocada, de aumentar os valores desta forma. Essa pressão (pelo aumento) já existia em 2020 e nós seguramos com firmeza - não havia condições de um aumento dessa proporção ao fundo eleitoral. Acho que o Parlamento errou. Mas, de fato, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) tem razão: não há hoje como o presidente da República não ter responsabilidade, já que hoje tem uma base. Tem o presidente da Câmara, tem o presidente do Senado.”
Para Maia, são pequenas as chances que o Congresso tem de conseguir validar os novos valores. “Eu acho muito difícil derrubar esse veto”, afirmou Maia, que voltou a responsabilizar a base aliada do governo à aprovação do aumento.
“Querendo ou não, quem votou a favor da LDO votou o fundo. Não exclusivamente o fundo, mas dentro do fundo tinha esses problemas e outros problemas”, completou.
O ex-presidente da Câmara ainda criticou o aumento do fundo eleitoral para 2022. Maia – que votou contra – defendeu a importância dos valores, mas disse não ver justificativa para um acréscimo de quase R$ 4 bilhões no investimento atual, de R$ 2 bilhões.
“Acho que o valor que a lei manda (aumentar) é o valor no máximo corrigido pela inflação. R$ 4 bilhões é o dobro. Acho que não é o momento, não acho que está bem explicado o fundo, apesar de entender a importância do fundo eleitoral.”
Eleições 2022
Rodrigo Maia evitou antecipar apoios nas eleições de 2022, embora tenha sinalizado um apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por enquanto, a única posição já tomada é de se opor a Bolsonaro em um eventual segundo turno.
“Meu alinhamento é com a democracia. O presidente Bolsonaro não é democrático. Não defende a democracia. Ataca as instituições de forma permanente. Atacou novamente o ministro (do STF, Luís Roberto) Barroso. Não é uma questão de quem eu vou apoiar. Se meu candidato não estiver no segundo turno e o presidente Bolsonaro estiver no segundo turno, eu não tenho nenhuma condição de votar em alguém que ataca as instituições e coloca em risco a nossa democracia”, afirmou.
Por enquanto, Maia se mostra favorável a uma terceira via entre Lula e Bolsonaro. Mas diz que o nome mais forte para esta alternativa ainda não apareceu com força.
“Eu acho que a terceira via vai aparecer. Vai apareceu um nome. A gente vê nitidamente uma rejeição grande do presidente Bolsonaro e uma rejeição que vem caindo do presidente Lula. Acho que a sociedade procura um nome. Mas acho que só vai olhar a eleição ano que vem, a partir de agosto. Os que querem logo um terceiro nome vão ter que ter um pouco de paciência”, disse Maia, esperando que a terceira via surja com propostas firmes para a retomada do emprego e da economia após o controle da pandemia da Covid-19.
“Acho que vai aparecer um nome que compreenda que o centro não é um ponto entre direita e esquerda, entre Bolsonaro e Lula; é um ponto de alguém que consiga voltar a gerar esperança na sociedade, que fale do meu ponto de vista para essa agenda pós-pandemia.”