Nos últimos meses, turistas que visitam com frequência parte do litoral brasileiro repararam que, enquanto há calor nas capitais e no interior, o frio e a chuva aparecem nas praias do Sudeste e Nordeste do Brasil. Em São Paulo, por exemplo, enquanto parte do estado convivia com umidade relativa do ar pior que a do deserto do Saara, a Baixada Santista mantinha um clima ameno e úmido.
A razão para uma diferença tão grande é a repressão das chuvas e dos ventos marítimos nas serras. No caso de São Paulo, as frentes frias que vêm do Oceano Atlântico não têm força para passar da Serra do Mar, que mantêm a umidade apenas nas áreas costeiras, como explica a meteorologista Carine Gama.
“Quando temos ventos paralelos, eles provocam muita umidade, mas ela não sobe a serra, ela bate, gera a chuva orográfica e fica presa no litoral. Ela forma aquelas nuvens cinzas e fica, causa garoa e tudo”, afirma.
É por isso que há formação de neblina intensa nas estradas que dão acesso ao litoral, por exemplo. “Isso é provocado também pelas áreas de alta pressão atmosférica, a depender da posição dela”, diz Carine, que resume em três fatores o clima mais úmido e frio no litoral:
“A brisa do mar, a circulação dos ventos marítimos e a orografia mantêm o tempo mais úmido no litoral, a depender da intensidade”, pontua. A orografia é justamente a chuva que fica represada devido a uma barreira natural, como as serras e montanhas.
Já o calor e o tempo seco represados em São Paulo e no interior do Brasil se devem também à falta de corredores de umidade da Amazônia. “Para termos chuva e bons índices de umidade do ar, precisamos da formação de corredores de umidade, frentes frias alimentadas pela região Amazônica. Eles são formados com mais intensidade no verão, quando temos as zonas de convergência, que se encontram e geram as chuvas”, explica.