Notícias

Fotógrafo diz na CPMI que sofreu ameaças para deletar imagens do 8 de janeiro

Adriano Machado, da agência de notícias Reuters, presta depoimento à CPMI do 8 de janeiro nesta terça-feira (15)

Da Redação com Agência Senado

Fotógrafo diz na CPMI que sofreu ameaças para deletar imagens do 8 de janeiro
Geraldo Magela/Agência Senado

O fotojornalista da Reuters, Adriano Machado, disse em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro que teve contato com os criminosos que invadiram e depredaram os Poderes como estratégia para preservar sua vida, ao ter sido abordado para deletar imagens da câmera e ter sido alvo de xingamentos e ameaças. 

“Por volta de 15h45 (do dia 8 de janeiro), eu percebi que uma pessoa foi em direção ao gabinete da Presidência da República, e isso chamou minha atenção, e fiquei atento aos acontecimentos. Para a minha segurança, permaneci em um local de maneira discreta. Aproximadamente às 15h55, outras pessoas chegaram na antessala do gabinete e forçaram a entrada na porta de vidro”, disse o fotojornalista. 

“Quando eu vi esse grupo, como profissional, registrei aquele momento, como qualquer outro fotojornalista faria. Fiz os registros de forma discreta; acredito que eles não tenham me visto. Quando eles abriram a porta de vidro da antessala, eu, como fotojornalista, acompanhei para registrar todo o acontecimento. Naquele momento, o clima era extremamente hostil e instável. Então, tomei bastante cuidado com a minha segurança. Foi quando eles perceberam a minha presença, me cercaram e questionaram quem eu era e o que eu estava fazendo ali”, completou. 

Segundo Adriano Machado, ele ficou "nervoso e tenso" após ter sido identificado pelos depredadores no momento em registrava imagens do terceiro andar do Palácio do Planalto. Naquele momento, o fotojornalista disse ter se identificado como fotógrafo da agência Reuters e que só pensava em sair do local, por temer por sua segurança. 

“Quando eu estava próximo à porta de saída, um deles me abordou e exigiu que eu deletasse as fotos daquele acontecimento. Após confirmar que eu teria cumprido com a exigência, uma das pessoas me cumprimentou. Isso pode ser visto em imagens que circularam na imprensa. Eu não conheço essas pessoas e, naquele momento e circunstância, eu não poderia deixar de retribuir o cumprimento, até mesmo por temer pela minha segurança”, reforçou o fotojornalista da Reuters. 

‘Exercício profissional’

Na avaliação da relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), a presença do fotojornalista na CPMI "não tem nada a ver" com os ataques e seu trabalho pode ajudar a identificar os responsáveis pelos atos antidemocráticos. Ela saiu em defesa do legítimo direito ao exercício da profissão de imprensa contra "a política ligeira e o interesse conjuntural" que possa ameaçar essa liberdade profissional. 

“Ninguém está a salvo de qualquer investigação, nem jornalista, principalmente quando o regime democrático é colocado em risco. Entretanto, pelas informações que tenho até agora em mãos, o repórter fotográfico Adriano Machado não colaborou para um cenário com tais características pérfidas. Vistas assim as coisas, talvez a sua presença hoje aqui, nesta CPMI, não esteja respaldada em indícios robustos de alguma falta grave”, acrescentou a relatora. com

Tópicos relacionados

Mais notícias

Carregar mais