No Brasil desde 1919, a montadora Ford anunciou nesta segunda-feira (11) o encerramento da produção de veículos em suas fábricas no País.

Apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas e a sede regional, ambos em São Paulo, serão mantidos. A Ford informou que vai encerrar a produção imediatamente em Taubaté e em Camaçari, na Bahia. Nessas duas unidades, será mantida a produção por alguns meses apenas de peças para garantir estoques de pós-venda. A Fábrica em Horizonte, no Ceará, vai continuar operando até o segundo semestre deste ano.

Os veículos comercializados no mercado brasileiro passarão a ser importados, principalmente das unidades de Argentina e Uruguai, além de outras regiões fora da América do Sul.

"A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável", disse Jim Farley, presidente e CEO da Ford. 

"Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil.", completou.

A empresa não indicou exatamente quantos empregos serão afetados. Também afirma que o motivo principal é a pandemia da covid-19, que causou redução das vendas e deixou as indústrias ociosas. Mas o ex-presidente da Ford, Luiz Carlos Mello, acha que o problema está custo do Brasil.

“Aqui no Brasil, sabemos de muito e há muito tempo que há dificuldade de toda ordem e que interfere no custo da produção automobilística. Elas permanecem e não há nenhuma indicação que isso será alterado no curto prazo”, analisou.

Somente em Taubaté, são 830 trabalhadores. No fim da tarde, aconteceu dentro uma assembleia que foi convocada pelo sindicato dos metalúrgicos. Segundo um funcionário, todos foram pegos de surpresa e que outras assembleias devem ser realizadas nos próximos dias.

A Ford afirma que vai trabalhar em colaboração com os sindicatos e outros parceiros no desenvolvimento de "um plano justo e equilibrado para minimizar os impactos do encerramento da produção".

Políticos reagem

O Governador de São Paulo, Joao Doria, lamentou a decisão e destacou que se trata de um movimento global da empresa. Já Rodrigo Maia, Presidente da Câmara dos Deputados, disse que a saída da Ford mostra a falta de credibilidade do governo brasileiro. 

O vice-presidente Hamilton Mourão disse estar surpreso e ressaltou que o Brasil tem o maior mercado consumidor da região.