Forças venezuelanas cercam embaixada da Argentina em Caracas, sob custódia do Brasil

Partido oposicionista afirma que homens encapuzados cercam residência oficial da embaixada, sob custódia do Brasil após expulsão de missão diplomática argentina por Nicolás Maduro

Por Deutsche Welle

Forças venezuelanas cercam embaixada da Argentina em Caracas, sob custódia do Brasil
Forças venezuelanas cercam embaixada da Argentina em Caracas
REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria

O partido de oposição Vente Venezuela (VV) denunciou que a sede diplomática da Argentina em Caracas está sob "cerco" de homens encapuzados desde a noite de sexta-feira (06/09). Após a expulsão da missão diplomática do governo de Javier Milei, o local está sob a custódia do Brasil, que também é responsável por seis refugiados da oposição no local.

De acordo com o VV, liderado por María Corina Machado, que foi impedida de concorrer às eleições presidenciais de julho pelo regime chavista, o presidente Nicolás Maduro ordenou a ação.

"Patrulhas com agentes do regime continuam chegando à sede da embaixada da Argentina em Caracas. Consideramos Nicolás Maduro responsável por esse cerco contra nossos líderes em asilo", escreveu na rede social X.

Anteriormente, o coordenador internacional do VV, Pedro Urruchurtu – um dos refugiados – afirmou que agentes da Direção de Ações Estratégicas e Táticas (DAET) da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) e do Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN), juntamente com "funcionários encapuzados e armados", cercam o local.

O o ex-deputado Omar González, também em asilo, denunciou o corte no fornecimento de eletricidade à residência, que agora está abastecida por gerador de energia.

Além de Urruchurtu e González, está na embaixada Magalli Meda, que foi gerente de campanha para a eleição presidencial;Claudia Macero, coordenadora de comunicações do VV; Humberto Villalobos, coordenador eleitoral do Comando de Campanha do VV; e o ex-ministro Fernando Martínez Mottola, assessor da Plataforma Unitária Democrática (PUD), o principal bloco de oposição.

Os seis políticos se refugiaram depois que o Ministério Público venezuelano os acusou de vários crimes, incluindo conspiração e traição, entre outros.

No final de julho de 2024, esse grupo denunciou que funcionários de segurança do regime estavam do lado de fora do local e tentavam "tomar" a sede diplomática, o que eles descreveram como uma "grave violação do direito internacional".

Retaliação de Maduro

Desde agosto, o Brasil está encarregado da custódia dos escritórios diplomáticos da Argentina e do Peru na Venezuela, assim como da representação de seus interesses e cidadãos no país caribenho, após a expulsão dos funcionários de ambas as legações. O Brasil também assumiu a custódia dos seis refugiados da oposição.

Além da Argentina, o governo de Maduro também exigiu que o Peru, o Chile, a Costa Rica, o Panamá, a República Dominicana e o Uruguai retirassem "imediatamente" seus representantes, em rejeição às suas declarações "interferentes" sobre as eleições presidenciais de 28 de julho, nas quais o chavista foi proclamado vencedor, o que é questionado por grande parte da comunidade internacional.

O governo argentino prometeu, inclusive, acionar o Tribunal Penal Internacional para exigir a prisão de Maduro e outros líderes da ditadura venezuelana por perseguição a opositores. Na semana passada, a Justiça do país emitiu uma ordem de prisão contra Edmundo González, 75, o candidato que representou a coalizão opositora na eleição.

A Venezuela vive atualmente um cenário sem precedentes de repressão política e autoritarismo. Até o momento, o governo do autoproclamado presidente reeleito não apresentou os registros das eleições, e tem abafado com violência quem manifesta dúvidas em relação ao processo. Até o momento, mais de 2.400 pessoas foram presas desde as eleições de 28 de julho.

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