Forças israelenses invadem e fecham escritório da Al Jazeera, na Cisjordânia

Canal de notícias transmitiu as imagens da invasão ao vivo; escritório ficará fechado por 45 dias por determinação do tribunal militar

Andrew Mills, da Reuters

Walid al-Omari, chefe do escritório da Al Jazeera, na Cisjordânia, ao lado da ordem de fechamento do local (Foto: Mohammed Torokman/Reuters)
Walid al-Omari, chefe do escritório da Al Jazeera, na Cisjordânia, ao lado da ordem de fechamento do local (Foto: Mohammed Torokman/Reuters)

Forças israelenses invadiram o escritório da rede de mídia e notícias Al Jazeera na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, na manhã deste domingo (22).  

Israel emitiu uma ordem militar para encerrar as operações da Al Jazeera no local, disseram o canal e o exército israelense.  

A rede de notícias, com sede no Catar, transmitiu ao vivo imagens das tropas israelenses entrando no escritório com armas em punho e entregando a ordem de um tribunal militar ao chefe do escritório de Ramallah, Walid al-Omari, forçando o fechamento do escritório por 45 dias.

As forças israelenses confirmaram que os escritórios da Al Jazeera foram selados e seu equipamento confiscado.

O exército acrescentou que a ordem foi assinada após uma avaliação de inteligência determinar que os escritórios estavam sendo usados "para incitar o terrorismo, para apoiar atividades terroristas". "As transmissões do canal colocam em perigo a segurança e a ordem pública tanto na área quanto no Estado de Israel como um todo", afirmou a declaração.

A Al Jazeera chamou a invasão de "ato criminoso" e responsabilizou o governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu pela segurança de seus jornalistas, conforme afirmou em um comunicado.

A rede acrescentou que tomaria medidas legais para proteger seus direitos e prometeu continuar sua cobertura. "A Al Jazeera rejeita as ações draconianas e as alegações infundadas apresentadas pelas autoridades israelenses para justificar essas invasões ilegais", disse.

Al-Omari afirmou que a ordem que recebeu acusava a Al Jazeera de "incitamento e apoio ao terrorismo" e disse que os soldados confiscavam as câmeras do escritório antes de sair, conforme relatou a Al Jazeera.

O ministro de comunicações israelense, Shlomo Karhi, confirmou o fechamento em uma declaração e chamou a Al Jazeera de "porta-voz" do Hamas de Gaza e do Hezbollah apoiado pelo Irã no Líbano. "Continuaremos a lutar contra os canais inimigos e garantir a segurança de nossos heróicos combatentes", disse ele.

Al Jazeera foi banida de Israel em maio 

O Sindicato de Jornalistas Palestinos condenou a ação de Israel, afirmando que "essa decisão militar arbitrária é considerada uma nova violação contra o trabalho jornalístico e de mídia, que tem exposto os crimes da ocupação contra o povo palestino."

O governo israelense baniu a Al Jazeera de operar dentro de Israel em maio, em uma medida autorizada por um tribunal israelense, e invadiu um hotel em Jerusalém que a rede usava como escritório, alegando que suas transmissões ameaçavam a segurança nacional.

A Al Jazeera, que é parcialmente financiada pelo governo do Catar, já rejeitou as acusações de que prejudica a segurança de Israel como uma "mentira perigosa e ridícula" que coloca seus jornalistas em risco. A rede acusou as autoridades israelenses de mirarem deliberadamente e matarem vários de seus jornalistas, incluindo Samer Abu Daqqa e Hamza AlDahdooh, ambos mortos em Gaza durante o conflito. Israel afirma que não mira jornalistas.

O Catar estabeleceu a Al Jazeera em 1996 e vê a rede como uma forma de fortalecer seu perfil global. O Catar, junto com o Egito e os Estados Unidos, mediou negociações de cessar-fogo sob as quais Israel recuperou alguns dos reféns capturados em 7 de outubro em um ataque liderado pelo Hamas a Israel. A Autoridade Palestina, reconhecida internacionalmente, exerce um controle autônomo limitado na Cisjordânia sob ocupação israelense.

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